Na manhã seguinte, assim que o patrão chegou, Pedro pediu para falar com ele. Este olhou-o com estranheza, mas mandou-o entrar para o seu gabinete. O mais sereno possível, o jovem pediu a demissão e contou-lhe o que se passava. Mais do que patrão, ele sempre fora ao longo dos dez anos que levava no escritório um amigo. Um amigo com quem não se tem uma grande intimidade é verdade, mas ao fim e ao cabo um amigo. O patrão olhou-o incrédulo. Custava a acreditar que um jovem como Pedro, que nunca em dez anos tinha tido um dia de baixa médica, viesse agora dizer-lhe aquilo que estava a ouvir. Parecia-lhe um absurdo.
- E é por isso que eu quero a demissão, e também pedir ao Sr. Costa que não conte a ninguém no escritório o que acabo de lhe dizer. Como deve compreender, não quero manifestações de pesar, que só me constrangem. Também não quero que a minha mãe possa vir a saber do que se passa.
- Claro. Se esperar um pouco eu mesmo faço as suas contas e passo já o cheque.
- Muito obrigado, Sr. Costa. Eu aguardo no meu lugar, enquanto ponho tudo em ordem.
Menos de uma hora volvida, Pedro saía do escritório sem se despedir de ninguém, com o cheque no bolso. Na verdade bem mais do que pensava receber, já que o Sr. Costa generosamente acrescentara uma indemnização, coisa que não era habitual,nem de lei. Depositou o cheque no banco e saiu descansado. A conta sempre fora conjunta
com a sua mãe, e embora ela nunca fosse ao banco, sabia-o. E como sabia ler e escrever, não teria problemas em movimentá-la.
Voltou para casa e começou os preparativos para a viagem. Estranhou a mãe não estar em casa, mas ela chegou logo depois.
- Fui aos correios mandar um telegrama à Palmira dizendo que chegavas hoje.
- Mas porquê mãe? Não era mais fácil telefonar?
- Fico mais descansada assim. A tua tia é um pouco dura de ouvido e podia entender mal o telefonema.
- E a tia Rosa? Já falou com ela?
- Já. Ontem à noite. Deve estar por aí a aparecer. Disse que vinha de táxi, mal rompesse a manhã.
Ele suspirou aliviado. Não queria ir-se sem que a tia Rosa chegasse. Assim podia continuar os preparativos. Depois de fechar a mala da roupa, escolheu criteriosamente alguns livros, entre os últimos que recebera de prenda de aniversário e meteu-os num saco. Guardou também uma caneta e um bloco de notas. Quem sabe se lhe apeteceria escrever alguma coisa? Fechou o saco e juntou-o à mala de viagem que repousava em cima da cama. Saiu do quarto e encontrou a mãe atarefada na cozinha.
- Mãe vou com o carro à oficina do Sr. Duarte. Há mais de três meses que não ando com ele, preciso saber se está tudo em ordem. Não tinha graça ficar empanado no caminho, e tenho que encher o depósito.
- Vai filho. É melhor que ele veja o carro, sim. A tua avó sempre dizia que quem vai para o mar avia-se em terra.
- Até logo, mãe.
- Vai com Deus, filho.
A TODOS QUE POR AQUI PASSAM DESEJO QUE A "SEMANA MAIOR" QUE SE APRESENTA, SEJA PARA VÓS, UMA ÓTIMA SEMANA.
21 comentários:
Continuo a seguir a trama com atenção.
Boa semana.
Abraço do Zé
También espero, amiga querida que tú también "Va com Deus".
Não sei porquê, mas isto está-me a fazer lembrar do filme "Adeus, Pai".
Situações e vidas difíceis, nada agradáveis de se lidar e na maior parte das vezes, impossivel resolver.
Tudo de bom.
:)
;)
Excelente redacção, com diálogos envolventes, bem dirigidos. Gosto.
Aguardo, inquieto, otro episodio.
Outro Duarte, que aparece na minha vida...
Um abraço bem grande
Acerto de contas no emprego, e preparativos para viajar. Espero, o que poderá suceder no próximo capítulo, com bastante interesse.
Feliz Páscoa, Elvira!
Um caminho triste o de seu conto. Ele se preparou para a viagem, mas o que o aguarda? Só você nos vai dizer. Bjs.
Oi Elvira
Não esperava um noticia tão triste mas enfim a vida algumas vezes reserva surpresas difíceis de conviver.
Tomara haja uma forma de reverter o quadro do Pedro.É o que fico esperando,
Passando também pra desejar um boa Páscoa com momentos de renovação da Fé e da esperança.
abraços
Continuo a acompanhar o teu romance. Com imenso prazer, já que tens uma narrativa agradável.
Elvira, minha querida amiga, tem uma Páscoa Feliz.
Beijo.
Estou com Esperanças de que Pedro se cure! Vamos ver! Querida, Elvira, obrigada pelos votos de uma feliz Páscoa. Espero que a tua seja óptima junto dos que amas e que o tempo melhore para que se possa viver esta época com mais alegria. Um beijinho e até breve.
Emília
Olá, Elvira!
Apesar de triste a história, lê-se com imenso gosto, está lindamente escrita- e aqui fico à espera de saber mais.
Uma Feliz Páscoa, com tudo de bom.
Um abraço amigo.
Vitor
Excelente texto. Uma situação de preparativos para uma viagem que nos mantém em suspense até ao final.
Agradeço os votos de Santa Páscoa e retribuo com muita amizade.
Querida amiga...Vim agradecer pela visita e as palavras de consolo ao amigo, ele merece.
Feliz Páscoa!
Celina.
Às vezes - o impossível acontece!
Vamos aguardar
Beijinho Elvira
Olá, estimda Elvira!
E continua a história do Pedro, que acho estar bem de saúde.
Beijos para todos.
PÁSCOA VIVA E SANTA!
Os meus cumprimentos ao Filho da Escola! No dia 5 de Abril temos de comemorar!
Uma Santa e feliz Páscoa
Com o meu abraço
Como sempre, um dom especial para uma narrativa onde o tempo não cansa.
E uma doce Pascoa Elvira
Beijinhos
Amiga Elvira
Depois de ler mais este interessante episódio (que nos deixa ansiosos pelo próximo) resta-me desejar-lhe, a si e a toda a família, uma Páscoa muito feliz (com saúde, que é o principal...)
Um abraço com amizade
Olá amiga, continuo a acompanhar a sua história tão envolvente. Estou...fico ansiosa pela próximo capitulo. Boa Páscoa e beijos com carinho
Páscoa feliz, com saúde e alegria...
Um grande abraço
Amiga Elvira, sigo a história com curiosidade.
Sugiro-lhe, se me permite, que arranje um final inesperado.
Um grande abraço.
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