Gagarin foto do google
Janeiro de 1961, praticamente inicia-se com a ruptura diplomática entre Cuba e os E.U.
Janeiro de 1961, praticamente inicia-se com a ruptura diplomática entre Cuba e os E.U.
Ainda na primeira quinzena, um referendo em França aprova o
processo de autodeterminação na Argélia.
Kennedy toma posse a 20 e três dias depois termina na
Bélgica uma greve geral que durava à 33 dias.
Nesse mesmo dia 23 de Janeiro o Capitão Henrique Galvão, à
frente de um grupo de militantes do DRIL (Directório Revolucionário Ibérico de
Libertação Nacional) toma de assalto o paquete Santa Maria quando este navegava
entre Curaçau e Miami e rebaptiza-o de Santa Liberdade. Pretendia dirigir-se a
Angola, mas em vez disso acaba por desembarcar doze dias depois no Recife, onde
o navio é entregue às autoridades brasileiras que o devolvem ao governo
português. Galvão acaba por se entregar às autoridades brasileiras.
Se por um lado o país fervilhava de fervor revolucionário,
por outro o medo tomava conta do povo. Por temor da PIDE, mas também por temor
de uma guerra civil.
No final do mês os trabalhadores da firma Cotonang na Baixa
do Cassange revoltam-se. A repressão é rápida e intensa, utilizando meios
terrestres e aéreos. Segundo o MPLA, o saldo foram 10 000 mortos.
Na seca o pessoal anda apreensivo. Os mais antigos temem a
guerra, lembram tempos antigos memórias de outras guerras. As mães temem que os
seus filhos virem carne para canhão. Fala-se em surdina, que nunca se sabe se o
camarada do lado é ”feijão-frade”, nome dado aos informantes da PIDE. As horas
correm lentas, sem a alegria das cantorias femininas.
A 4 de Fevereiro, militantes do MPLA assaltam a casa de
reclusão de Luanda. Sete baixas nas forças de Segurança. Diz-se que o Movimento
Nacional Independente de Humberto Delgado está entre as forças do MPLA.
No dia seguinte, no funeral das vítimas, no cemitério novo
de Luanda, há violentos incidentes, dos quais resultam cerca de 3 000 mortos.
No dia 10 novo ataque em Luanda, desta vez à cadeia de S. Paulo.
A 12 é assassinado o congolês Patrice Lumumba
A 23 Libéria promove reunião do Conselho de Segurança da ONU
contra Portugal.
Dois dias depois é assinado o contrato para a construção da
Ponte sobre o Tejo, e no dia seguinte Hassan II é o novo rei de Marrocos
Quase no final do mês Humberto Delgado no Brasil, faz pela
primeira vez um ataque à política colonial do governo.
A 5 de Março
Paul-Henri Spaak abandona o cargo de secretário-geral da NATO, para regressar à
actividade política belga, onde assumirá, a partir de 25 de Abril, o cargo de
ministro dos estrangeiros
Depois de duas reuniões entre Elbrick, embaixador dos
Estados Unidos e Botelho Moniz, Elbrick solicita uma audiência a Salazar.
A 14 vagas terroristas invadem o norte de Angola, sob o
comando da UPA. Votação do Conselho de Segurança da ONU. USA e URSS votam
contra a posição portuguesa. No dia seguinte a Finlândia associa-se à EFTA.
A imprensa do dia 17 relata os acontecimentos em Angola.
Vasco Lopes Alves Ministro do Ultramar parte para Angola a
23.
As eleições legislativas da Bélgica acontecem a 26 e o
resultado é a descida dos sociais-cristãos e subida dos comunistas e dos
nacionalistas flamengos.
A 28 Salazar e Botelho Moniz encetam conversações.
O mês termina com a partida do pessoal do norte, pois a
Safra está terminada. Na Seca ficarão como habitualmente o pessoal de manutenção
ali residente, o gerente e os militares da guarda-fiscal.
Os primeiros dias de Abril foram muito movimentados a nível
do governo, com reuniões, primeiro entre Botelho Moniz e Américo Tomás, depois
Tomás e Soares da Fonseca, Ulisses Cortês e Santos Costa. Mais tarde Tomás e
Salazar, e por fim Botelho Moniz pede a Tomás a substituição de Salazar.
A 12 Tomás almoça com
o Ministro do Exército, enquanto Kaulza de Arriaga, sem o prévio acordo de
Moniz, põe várias unidades militares em regime de prevenção. Novas audiências de
Tomás com Salazar, Botelho Moniz e Soares da Fonseca.
Nesse mesmo dia Iuri Gagarine a bordo da Vostok I, entra na
história como o primeiro homem no espaço.
No dia seguinte
dá-se a movimentação de várias personalidades do regime, lideradas pelo
ministro da defesa, Júlio Botelho Moniz, e apoiadas pelo antigo presidente da
república, Craveiro Lopes, visando afastar Salazar através de um golpe
palaciano. Fala-se no regresso de Craveiro Lopes à presidência, com Marcelo
Caetano a chefiar o governo. No dia 13, consuma-se o golpe de Botelho Moniz,
com uma reunião na Cova da Moura entre os ilustres amotinados. Entretanto,
previamente, Salazar remodelava o governo, assumindo Salazar a pasta da Defesa.
Mário Silva, ministro do exército, com Jaime da Fonseca. Novo CEMGFA, Gomes de
Araújo. Adriano Moreira assume a pasta do Ultramar. A explicação da remodelação
era Angola: andar rapidamente e em força é o objectivo que vai pôr à prova a
nossa capacidade de decisão. Esta movimentação ficou conhecida como a Abrilada.
Nesse mesmo
dia Adriano Moreira é designado Ministro do Ultramar de Salazar, depois de ter
sido subsecretário de Estado da administração ultramarina desde 3 de Março de
1960.
No dia 20
desse mês de Abril um grupo de exilados cubanos apoiados pelos serviços
secretos americanos desembarca na Baía dos Porcos. A invasão destinava-se a
derrubar Fidel Castro e repor a velha ordem, mas resultou num fracasso.
Nesse dia Manuel
fazia 43 anos. Muitos anos de trabalho duro, de luta, de miséria…