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25.11.07

ABAIXO A VIOLÊNCIA DE GÉNERO: HUMANIDADE NÃO TEM SEXO!

25 de Novembro: Dia internacional contra a violência doméstica



  • Esta iniciativa partiu da SÃO


  • A violência doméstica, nomeadamente a violência do género, é uma realidade que envergonha o mundo em pleno século XXIEm Portugal foram registados, em 2006, segundo a UMAR, 20.595 situações de violência doméstica. Entre as agressões, incluem-se 39 casos de homicídio e outras 43 tentativas. No entanto estes números não revelam toda a realidade pois muitos casos não chegam a ser participados.A VIOLÊNCIA SOBRE AS MULHERES ENVERGONHA E DIMINUI A HUMANIDADE



  • Segundo o Conselho da Europa, a violência contra as mulheres no espaço doméstico, é a maior causa de morte e invalidez, entre mulheres dos 16 aos 44 anos, ultrapassando o cancro, acidentes de viação e até a guerra.
  • Dá que pensar... e pensando nisso deixo-vos a RITA



Rita é uma mulher ainda jovem. Morena de grandes olhos escuros, e um sorriso que faz aparecer duas covinhas na face, que encantam quem a olha. Nota-se que devia ter sido muito bonita na sua juventude. Precocemente envelhecida, aparenta ser bem mais velha do que os quarenta e dois anos que o BI mostra.


Casou jovem. Apaixonou-se por um jovem simpático, com ar de malandro mas que lhe enchia os ouvidos de palavras bonitas que a punham a sonhar.


A felicidade do casamento porém durou pouco. Um dia, estava Rita a amamentar o filho, o marido pediu-lhe dinheiro. O dinheiro que tinha para as compras da casa e para alguma coisa que o bebé precisasse. Ela ficou espantada. De mês para mês o marido deixava menos dinheiro em casa. Sempre arranjava alguma desculpa para a diminuição do ordenado. Até à bem pouco tempo Rita trabalhava e com o ordenado ia equilibrando as contas. Porém agora estava de baixa e a Segurança Social ainda não tinha mandado nada desde que deixara de trabalhar.


Rita disse que não dava dinheiro. Tinha pouco e ainda faltavam uns dias para o fim do mês. E aí pela primeira vez conheceu o peso da mão do marido. Nesse dia, Rita conheceu um Joaquim que nunca tinha visto. Ele cresceu para ela e sem respeito pelo filho que se alimentava no seio da mãe, deu-lhe uma primeira bofetada, enquanto pedia novamente para ela lhe dizer onde estava guardado o dinheiro. Rita voltou a dizer que não, e a mão abateu-se de novo sobre a sua cabeça, desta vez mais violenta ainda. Rita gritou e o bebé largando o seio começou a chorar. Sem forças Rita acabou dizendo que o dinheiro estava na gaveta dos lenços. Joaquim deu meia volta, dirigiu-se à gaveta, pegou o dinheiro e saiu batendo a porta.


Voltou tarde da noite. Rita não saberia dizer ao certo que horas eram mas passava das duas. Ela fingia que dormia. Joaquim deitou-se e pouco depois, dormia profundamente. Ela não dormiu toda a noite.


Esse foi o primeiro dia do inferno da sua vida. Atrás dessas bofetadas vieram mais, e cada vez Joaquim era mais violento. Sempre por causa do dinheiro. Um dia muito tempo atrás ela descobrira que ele gastava o dinheiro todo em jogo. E ela começara a esconder o dinheiro em sítios diferentes, mas sempre acabava por lho dar à força de pancada. O filho crescera, fora para a escola, o tempo passara fizera-se um homem.

Pouco tempo atrás o filho chegara a casa, e encontrara a mãe caída no chão da cozinha, e o pai

pontapeando-a como se fora uma bola. O filho revoltado agarrou o pai, e à força arrastou-o até à porta e pô-lo na rua. Depois fechou a porta e chegando à cozinha levantou a mãe enquanto lhe dizia:

-A partir de hoje eu não vou mais admitir esta vida mãe. Se o pai aceitar que é um homem doente e se quiser tratar-se, eu vou ajudá-lo. Se não aceitar ele que procure seguir a sua vida por outro lado, e tu tratas da separação.



Como todos os dependentes, Joaquim não admitiu precisar de ajuda, não quis ouvir falar de tratamento, e ela acabou por se separar e ficar a viver com o filho. Agora era uma mulher serena. Em várias partes do corpo, as cicatrizes davam testemunho da violência que sofrera durante muitos anos. Rita não precisava de as olhar. Tinha cada uma delas gravada na alma.


De Joaquim nunca mais soube. Tinha saído da terra após a separação e nunca mais ninguém soubera dele.

Em caso de urgência liga o 800202148.Apresenta queixa às autoridades competentes.Pede apoio à APAV- Associação de Apoio à Vítima Tel. 707200077 e-mail: apav.sede@apav.pt

32 comentários:

Maria disse...

Parabéns por este post....
... mas não o consigo comentar...

Abraço-te

São disse...

GRATÍSSIMA PELA ADESÃO!!

amigona avó e a neta princesa disse...

Hoje e sempre ...beijo...

Jorge P. Guedes disse...

Junto-me, naturalmente, como sempre o tenho feito, na defesa do que está contido no título - Abaixo a violência de género!

E, tal como o Natal, que deve acontecer todos os dias, também o dia contra a violência doméstica ou em qualquer outro local deve ser hoje, amanhã e sempre.

Um abraço.

jorge esteves disse...

É verdade que não sou muito atreito a dias-qualquer-coisa; mas esta temática é sempre, todos os dias, Urgente, lembrar. Especialmente agora, com muito mais acuidade, se olharmos para o projecto de Lei que o governo escrevinhou para aprovação...

abraço.

Anónimo disse...

E quantas Ritas apanham do marido e depois dos filhos.

Muitas morrem sem ter tido a coragem de denunciar.

É um quadro triste.

Beijos

Alice Matos disse...

Belo post!


Estou convosco no Detalhes e no Pensamentos...

Beijos...

"Aqui fica a minha solidariedade para com todos aqueles que sofrem, no corpo ou na mente, da violência dos que se julgam muito fortes mas não passam de reles cobardes..."

Joseph 1 disse...

Elvira
Bom dia

Obrigado pela visita.

Claro que sou contra a VIOLÊNCIA DOMÉSTICA; li o teu post (Ah grande Elvira), mas também postei no meu blog um artigo.

Um abraço amigo

Eladio Osorio Montenegro disse...

Parece que a violencia de genero non conhece de culturas ,nen de paises, nen de ra�as, nen de condi�aos sociais. Uma aperta moi forte dende a Espanha e a ver se entre tudos e tudas somos capaces de que este mal chegue o seu fim. Se quiser visitar o meu blog, sera ben recebida en htt//:caldelaodecaldelas.blogspot.com

GS disse...

Nunca seremos de mais para abrir debate sobre este tema!

Um abraço

*Um Momento* disse...

Aqui estou eu também apelando a este Não á violência!
Precisa-se Paz urgente
Todo o ser humano tem o direito a ela!

Um beijo abraçado a um mundo melhor na Paz, desejando o fim á violência

Ps: Grata Elvira...de coração
Beijo sentido

(*)

Alexan disse...

Historia terrible cun certo final feliz, só falta o castigo do culpable torturador. O pior e que isto ainda non rematou e continua sendo así para moitas outras.
Un abraço

Unknown disse...

Parabéns pela forma em que nos chama a atenção para um problema que não são delas e sim de nós todos.
Só de saber que em todos os cantos do mundo, milhões de mulheres sofrem caladas a violência doméstica na maioria das vezes sós sofrendo dores físicas e psíquicas, provocadas pelas agressões e pelo silêncio.
Que nesse e em todos os outros dias elas se encoragem para enfrentarem a situação e que consigam encontrar a saída.
Abraço Elvira e obrigada mais uma vez por esse espaço precioso.
Bjo!

Isamar disse...

A forma como abordaste esta terrível realidade foi, como sempre, muito bem feita.
Não deixemos de actuar contra qualquer tipo de violência. Todos os dias têm de ser de PAZ.

Beijinhossss

Cöllybry disse...

Belissino post, neste dia que o é todos os dias...o meu lamento...
Grata pelos presentes abaixo...

Bjca doce

Cöllybry disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pena disse...

Adorável e Simpática Amiga Elvira:
Escreve como ninguém. Aposta com justiça e sinceridade no bem da Humanidade, no exemplar procedimento entre os dois sexos, na beleza do respeito de quem o faz e procede desta forma.
Porque não se pondem entender e compreender? Porque não se hão-de respeitar e amar, se coabitam, sentem e falam com iguais direitos, atitudes e valores?
Porquê recorrer a formas de punição física e psicológica condenáveis, indignas, insensíveis e imensamente cobardes?
Olhe, Doce e Adorável Amiga, é um lindo tesouro precioso e magnífico que merece tudo neste Mundo. Tudo mesmo.
Nunca sofri ou provoquei qualquer tipo de violência contra ninguém. Não se coadugna comigo, nem com o que sou. No entanto, sei que existe. Refere estatísticas preocupantes.
A todos(as) os(as) sofredores(as) deste Mundo, que tenham forças para se levantarem e denunciarem o crime de que são alvos, que merecem punição justa e que deviam ter vergonha na cara. Nem deveriam ter cara.
Vivemos em pleno séc.XXI, numa época de mudanças: Que se mudem também as mentalidades ocas, vazias e sem sentido em próle da verdadeira Cidadania e para bem da Humanidade.
Parabéns pelo que é. Imenso!
Um Bem-Haja gigantesco.
Beijinhos de afecto, amizade e ternura.
Com imenso respeito

pena

Vale muito Amiga Elvira, acredite?
Sempre fui sincero e verdadeiro.

Azula disse...

Mais um excelente texto.
E obrigada por me relembrares este dia, que deve ser relembrado por todos , todos os dias.

Hélder disse...

Estou envolvido num projecto europeu sobre a igualdade de oportunidades entre géneros desde o início do ano, para a Comissão Europeia, assim que tivermos os resultados finais, tratarei de os transmitir.

A violência doméstica é um problema, até porque começa a haver uma regressão neste sentido, inclusive nas idades adolescentes (sim, miúdos de 15 anos que batem nas namoradas).

Mas, embora este tema seja muito sensível e impression+avel, não podemos deixar que seja o único indicador. A discriminação é feita em muitas áreas da vida, e um decréscimo da violência de género, embora óptimo, não pode ser confundido com uma atenuação da problemática.

Beijinhos.

O Profeta disse...

Violencia doméstica é algo que não faz sentido...e a estupidez de certos homens toca as raias do absurdo...


Boa semana


Mágico beijo

Taty Ferreira disse...

Oi minha amiga td bem?

Vim aqui te agradecer pelo carinho que sempre tem comigo!

Te adoro mto viu!

Bjinhus

|Renata_Emy| disse...

Elvira querida,

Não a viloência de qq espécie!

***

Postei uma receita sobre frango, é simples, fácil, prático e mto econômico de se fazer...

Dá uma olhadinha!

Beijos

Luis Ferreira disse...

Não há violência...

Parabens pelos alertas e pelas reflexões

António Inglês disse...

Elvira
Antes de mais quero pedir-lhe desculpa por estes dias não me ser possível vir aqui como quero e a minha amiga merece.
Agora venho de fugida pois vim de duas reuniões e vou já para outra.
Mas isto há-de passar.
Desejo-lhe uma boa semana
José Gonçalves

Joseph 1 disse...

Elvira
Olá,

Vim só desejar-te uma boa noite e ver se havia alguma obra postada.
Sempre que possa já sabes que apareço.

(Nos mails, havia um que depois de o ler, não parava de rir...Ai Elvira, Elvira!)

Um abração amigo

JuanMa disse...

Al final y digo al final, tuvo suerte de que su hijo interviniese. Otras mujeres no han tenido ese desenlace.

Anónimo disse...

Infelizmente há muitas violência, quase sempre do homem sobre a mulher, talvez fruto de uma cultura que já vem dos primórdios da humanidade, em que o homem era o rei e senhor de tudo, incluindo a mulher, sendo que esta era de sua propriedade, tal como o eram os animais.Verdade seja dita, que a violência é uma questão cultural, já que uma pessoa culta (e isto não quer dizer ter um título académico, quer antes dizer cultura humanística)nunca iria tratar outro ser humano à pancada, ainda que por vezes essa pancada seja de palavras.
Ainda um àparte: às vezes tb são as mulheres que batem nos homens!!!

Belisa disse...

Olá

Belo texto que nos dá para ler no dia 25 de Novembro!
Agradeço a sua visita e já decidi qual o mimo que vou levar...só pode ser o coração! Adore esse!

Beijos estrelados

Isamar disse...

venho s� deixar-te beijinhos. O cansa�o aperta e �s seis j� estarei a p�.

Noite serena!

Osc@r Luiz disse...

Querida,

Postei sobre isso também a pedido da São. Na verdade, tercerizei o post pra minha esposa que é vice presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher e Defensora Pública. Logo, ela conhece bem melhor do que eu essa realidade.
Um beijo!

fj disse...

isto é um exemplo.
Mas há muito mais e de um outro tipo e por vezes bem piores.
A Agressão psicologica em fase continuada com o fim de obter resultados de forma a serem reencaminhados p'rá parte fisica.Essa é a fase oculta de uma razão que poucos a reconhecem como uma fase embrionária do principio de um final anunciado.
É muito má e em alguns casos muito pior!..
Culpados????

Filoxera disse...

Parabéns pela iniciativa.
há que lembrar que a violência é, muitas vezes, não física...