Olhavas
e fingias que não vias
os orfãos e viúvas de guerras inglórias
o desespero dos emigrantes clandestinos
as terras abandonadas pelo terror da fome
a força sacríficio dos ideais-feitos-homens
encerrados e torturados nas prisões do meu país.
Acordaste numa manhã de Abril e ficaste admirado
porque nas nossas mãos o sangue era cravo rubro
nas nossas gargantas o medo era hino á Liberdade
os nossos braços enlaçavam-se na esperança do momento.
Acordaste... e como quem muda de camisa
puseste-te ao nosso lado.
Era o tempo
de fingires ser democrata...
Hoje o tempo apagou o fingimento
e tu olhas
e finges que não vês
os campos perdidos sem sementes
as fábricas de máquinas paradas
o desespero e desencanto vagueando pelas portas
do desemprego.
olhas...
e finges que não vês
o país que se afunda, na lama do desespero.
elvira carvalho
30 comentários:
Cara Elvira:
Não percebo muito de blogues e não sei se é este o sitio próprio para o fazer, mas não quis deixar de lhe vir desejar uma boa noite de descanso tambem para si, e todas de hoje em diante, à semelhança do que todos os dias faz por mim. Estou profundamente reconhecido pelos seus gestos e apoio, duma maneira muito especial.
Li os seus poemas e muito gostei deles. Muito. Uma Alma assim só pode mesmo iluminar as estradas da Vida a quem as caminha por Bem.
Bem Haja e um abraço firme,
Salvador
Infelizmente Elvira, ainda são muitos aqueles que se fingem democratas, que se afirmam solidários mas mais não são que fantoches...
O que é grave é que alguns têm conseguído atingir patamares que não lembra ao diabo e em nome da democracia.
Se nos mantivermos unidos, eles não conseguirão manter-se por muito tempo encapuçados...
Espero que esteja tudo bem consigo, tudo mesmo.
Um bom inicio de fim de semana
Um grande abraço
José Gonçalves
O seu poema tam�n pode valer para noso Pa�s. En Portugal a revolu�ao provocou unha ruptura ca dictadura, en Espa�a fixose unha transici�n o gusto dos poderes que sustentaban o franquismo, o mesmo Rei foi nomeado por Franco. O m�is doloroso de todo � que os antigos franquistas e os se�s herdeiros queren darnos leccions de democracia. O futuro necesariamente ter� que mudar ou remataremos todos na exclavitude da dictadura mundial amparada por organismos como a ONU, FMI, OTAN ETC.
Um abra�o
Grande Elvira! Vc já pensou em se candidatar a algum cargo público? Sua cidade ou o seu país, o seu povo, enfim, precisa de pessoas como você! Bjs do nil
Pois só lhe posso dizer que estou bem contente por ver que decidiu partilhar connosco os seus profundos e sentidos poemas. Finalmente!!
Quanto à Democracia, penso que só resta a máscara!
Bom fim de semana!
Falavas de portugal?! Falavas de democracia...falemos pois de países decentes...
Uma cartola de papel
Guarda o sortilégio, a emoção
Um passo de mágica ao acaso
Às vezes solta luz ao coração
Bom fim de semana
Mágico beijo
Elvira
Olá
Tudo bem de saúde?
Tenho que reconhecer, e penso que já o disse, que os teus poemas são pérolas da escrita e do pensamento (estou a ser sincero). É lê-los e ficar a pensar... quase dispensam comentários.
Democracia, onde? Em Portugal? Em qualquer País do mundo?
Falemos de Portugal:
Acreditarei num Portugal justo e democrático, quando os detentores de cargos públicos deixarem de ter os anos a dobrar (a nossa barriga é igual à deles);
quando passarem a ter direito só a uma pensão de reforma, com valor máximo estipulado e não 5 e 6 pensões e logo com milhares de €uros cada (Nós temos que trabalhar 36 anos para receber 1 pensão e sabe-se lá de que valor, com que coeficientes, com 65 anos etc. e tal);
Quando deixarem de fechar maternidades, e agora darem abonos para as mulheres grávidas terem filhos.
Meus Deus, ou anda tudo doido, ou o Sócrates bem aldrabou as pessoas, pois não cumpriu uma das promessas que fez.
Perdoem-me, mas são todos iguais.
Saúde e Paz
Um abraço amigo.
Olá elvira,
escrever é de facto corromper...hoje não Torga...hoje e para si...POEMARMA de Manuel alegre...pois o seu cabe ali:
Poemarma
Que o poema tenha rodas motores alavancas
que seja máquina espectáculo cinema.
Que diga à estátua: sai do caminho que atravancas.
Que seja um autocarro em forma de poema.
Que o poema cante no cimo das chaminés
que se levante e faça o pino em cada praça
que diga quem eu sou e quem tu és
que não seja só mais um que passa.
Que o poema esprema a gema do seu tema
e seja apenas um teorema com dois braços.
Que o poema invente um novo estratagema
para escapar a quem lhe segue os passos.
Que o poema corra salte pule
que seja pulga e faça cócegas ao burguês
que o poema se vista subversivo de ganga azul
e vá explicar numa parede alguns porquês
Que o poema se meta nos anúncios das cidades
que seja seta sinalização radar
que o poema cante em todas as idades
(que lindo!) no presente e no futuro o verbo amar.
Que o poema seja microfone e fale
uma noite destas de repente às três e tal
para que a lua estoire e o sono estale
e a gente acorde finalmente em Portugal.
Que o poema seja encontro onde era despedida.
Que participe. Comunique. E destrua
para sempre a distância entre a arte e a vida.
Que salte do papel para a página da rua
.
Que seja experimentado muito mais que experimental
que tenha ideias sim mas também pernas
E até se partir uma não faz mal:
antes de muletas que de asas eternas .
Que o poema fique. E que ficando se aplique
A não criar barriga a não usar chinelos.
Que o poema seja um novo Infante Henrique
Voltado para dentro. E sem castelos.
Que o poema vista de domingo cada dia
e atire foguetes para dentro do quotidiano.
Que o poema vista a prosa de poesia
ao menos uma vez em cada ano.
Que o poema faça um poeta de cada
funcionário já farto de funcionar.
Ah que de novo acorde no lusíada
a saudade do novo o desejo de achar.
Que o poema diga o que é preciso
que chegue disfarçado ao pé de ti
e aponte a terra que tu pisas e eu piso.
E que o poema diga: o longe é aqui.
Beijo
Querida Elvira:
Como senti este seu oema!
Vivemos aqui e agora a ditadura de uma maioria autista que usa meios muito semelhantes aos que diz ter combatido... Socialistas??!
Beijos
Minha Querida Amiga, estou perante uma poetisa que não cala a tristeza de ver definhar o cravo rubro que Abril floriu. Este teu sentir, de que já me tinha apercebido, é digno de louvar num momento em que homenzinhos e mulherzinhas assistem impávidos e serenos à morte lenta da democracia pela qual tantos lutaram e perderam a vida.
Parabéns amiga. Não preciso ver os teus olhos porque as tuas palavras há muito exprimem o sentir de que eu partilho.
Beijinhos
Amiga Elvira
Ja li este poema três vezes, e sinto cada palavra a roçar-me a pele. Nunca este país teve (depois do 25 de Abril) um governo tão mau, tão autista, tão prepotente.
Diz-se que "está a recuperar a economia". Está? E se está, à custa de quê? De quantos desempregados? De quanta fome?
É este o país que queremos?
Não é aqui, hoje, com os que estão no poder, que me revejo. Não é este o país que eu quero.
Enquanto me restar um pingo, um pinguinho que seja, de sangue e de força, não deixarei de lutar para que este país seja mais justo e mais solidário, onde as camadas sociais mais desfavorecidas possam viver com dignidade, onde a distribuição do que se produz seja repartida de uma forma mais igualitária.....
Continuo a acreditar que é possível, um dia, um dia.....
Beijinho
Como le comentó Apátrida, en nuestro país hay bastante gente a la que su poema le entraría como un guante. ¿Qué le vamos a hacer? Los políticos y los poderosos están a tu lado hasta que deja de interesarles y entonces te das cuentas de poco que les importabas. Saludos Elvira.
Simpática e Talentosa Amiga:
Que versejar tão bem elaborado que se adapta tão bem à realidade que vivemos no quotidiano do nosso conturbado existir.
Os "falsos" democratas que exercem um avassalador domínio sobre o povo trabalhador podiam visualizar o que tão bem expressa aqui de forma actual e apelativo à mudança.
São tempos muito difíceis de dor, sofrimento, angústia e desencanto.
Amiga talentosa, oxalá as esferas de topo olhem o que escreve com atençao. Torna-se urgente reflectir, ponderar o que se está injustamente a fazer e pensar seriamente no bem-estar e harmonia da alegria em abraçar a vida, sem a usurpação indigna e desumana de que estamos a ser todos o alvo preferido.
Adorei, encantei-me, mas não me surpreendeu porque a sua ímpar veia poética mesmo triste sobrevive forte na crítica atenta, lúcida e muito apurada da realidade vivenciada.
Era o que necessitávamos para encontrar a ~percepção de uma situação cruel em face da impotência duma revolta que deveríamos assumir de imediato.
Parabéns, amiga simpática Elvira, disse o que ninguém disse, mas fê-lo com uma presença admirável.
Beijinhos amigos encantados de respeito e muita, mas muita, estima e consideração.
O amigo sempre presente.
pena
Muito bom!
quase eu passava direto... se é que isso é possível na Net.
Abraços!
n�o podia passar 100ler o teu Post, aproveito para te desejar um poetico fim de semana.
abra�o
Em relação à campanha de angariação de fundos para os sem -abrigo tinha conhecimento mas nunca é demais relembrá-lo. Obrigada por isso. Estou envolvida nalguns desses projectos pois vivo numa zona onde, lado a lado com a riqueza, vive o pobre envergonhado cujos euros chegam para muito pouco. E muitos outros pobres! Pensar neles durante o ano é um dever que assiste a todos nós. Olhar para eles é um sofrimento atroz e chego a pensar que não fui talhada para viver neste mundo onde imperam os valores económicos e são pouco valorizados os sociais.Lutemos e nunca percamos as forças, Elvira, Amiga!
Deixo-te mil beijos, um abraço apertado com a amizade que aqui vamos construindo.
Simpática Amiga:
Deixo bem expresso o meu sincero desejo de votos de um excelente fim-de-semana que para mim vai ser de trabalho. Afazeres da escola.
Parabéns pelo que representa para nós.
Beijinhos amigos de elevada estima.
Eternamente amigo.
pena
Olá!
Mais um poema que nos toca, muito...Obrigada por fazer bem...e tão lindos poemas!Amiga como diz Ayaan Hirsi Ali:" Algumas coisas devem ser ditas, guardar silêncio é ser cumplice da injustiça".
Beijos e bom fim de semana
Devagarinho e em silêncio venho desejar-lhe um óptimo fim de semana.
Espero que esteja tudo bem com o marido e com os pais.
Ah e com aquela história da tensão também...
Um abraço
José Gonçalves
Belo grito poético para nos acordar da letargia em que andamos envolvidos, como se tudo estivesse bem.
Parabéns.
Elvira
Bela poesia!
Este poema retrata bem o antes e o despois 25.Abril.1974.
Mas eu ainda sou das que acredito que não podemos deixar murchar o cravo.
Bem Hajas!
Olá Elvira, Passei para deixar-lhe um beijinho.
Fernandinha
Cada vez sinta mais este país
A desfalecer , e a deixar morrer
As pessoas que nele habitam
Beijinhos
luna
Querida amiga Elvira:
Belo poema!
Me fez refletir...
Isso acontece não só em Portugal, como aqui no Brasil e no mundo.
É muito triste a indiferença
com que são tratados aqueles nossos irmãos menos afortunados
e carentes.
Linda a maneira sensível e poética que abordastes esste assunto.
Adorei...
"...e finges que não vês
os campos perdidos sem sementes
as fábricas de máquinas paradas
o desespero e desencanto vagueando pelas portas
do desemprego"
Um abraço carinhoso.
Estimada Amiga,
Infelizmente vemos. Se não víssemos seria bom sinal. Seria sinal de que o desemprego não crescia, antes diminuia e, com ele diminuiriam também muitos outros problemas sociais.
Eu ainda acredito...
Sou uma Mulher de Fé.
Quanto ao seu poema, só posso dizer que ele reflecte a imensa sensibilidade de quem o escreveu.
Parabéns.
Um beijo amigo,
Maria Faia
Antes fosse no desespero cara amiga.
Infelizmente acho que este país já nem desespera.
Afunda-se na inércia.
É preciso acordar!
Isabel
Blog bastante interessante!
Você, que gosta de poesias, deve conhecer o blog Cinco Espinhos de críticas literárias em forma de literatura.
Toda semana, também, garimpamos a internet à procura do texto que valha a pena de um autor "desconhecido".
http://cincoespinhos.blogspot.com
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Abraços!
Continuo na minha:
se editasses um livro, estavas milionária.
Então, mas não há por aí nenhuma alminha que pase por aqui e veja o valor que esta rapariga tem????
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