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20.2.15

MARIA PAULA - IV



Maria Paula veria a luz do dia pela primeira vez antes da década de 50 ter chegado a meio. A sua chegada deveria vir completar a felicidade dos pais, não fora a agitação que se fazia sentir em Angola, e que trazia os seus progenitores bem preocupados. Tudo tinha começado com o final da guerra na Europa. A princípio era quase imperceptível, mas aos poucos foi-se tornando mais evidente que havia movimentos africanos desejando a independência e preparando-se para lutar por ela. Na verdade o jovem casal também gostaria que Angola se tornasse um país independente, mas ambos sabiam que a tão desejada independência não chegaria de mão-beijada. Paulo tinha bem presente a experiência do que a guerra podia fazer, pelo que tinha vivido em Timor. E embora soubesse que a guerra em Angola nunca estaria ao nível de uma guerra mundial, também sabia que uma guerra de guerrilhas, podia ser igualmente mortal para a maior parte da população completamente indefesa. Quase todos os meses chegavam a Luanda, contingentes de militares, que depois eram enviados para vários locais, especialmente para os pontos chave junto das fronteiras, pois os Movimentos de Libertação, estavam sediados em países limítrofes. 
 Desde cedo se notou que Maria Paula ia ser uma mulher muito bonita. Bastante morena, de cabelo negro e olhos verdes, como o pai e o avô. Inteligente e voluntariosa. Na escola destacava-se pela rápida aprendizagem. Nas brincadeiras era um tanto Maria-rapaz, e não raras vezes se impunha mesmo ao irmão, que tinha um feitio bem mais dócil.
Quando em Fevereiro de 61, a cadeia de Luanda foi assaltada, num ataque em que morreram sete polícias, reivindicado pelo Movimento Popular de Libertação de Angola, ficou bem evidente que a guerra tinha começado, embora a maioria da população da cidade, pouco informada, acreditasse na teoria do Continente, que se tinha tratado de um ataque terrorista. Quando Pedro completou o liceu, o pai decidiu enviá-lo para Coimbra. Tinha na cidade, vários amigos do tempo em que lá estudou e sabia que eles olhariam pelo filho enquanto ele estivesse na Universidade. Maria Paula sentiu a ausência do irmão, mas logo fez por esquecer a saudade e aplicou-se ainda mais nos estudos.




Continua

23 comentários:

chica disse...

Enredo envolvente.Vamos acompanhando com carinho! bjs.,chica

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Fico encantada, com a sua competência, recheada de paixão, quando contextualiza a história romanceada. Parabéns!
Fico aguardando, esse brilhante desenrolar da vida da protagonista!
Meu abraço, bom final de semana...

Laura Santos disse...

Para além dos enredos, sempre tão elaborados, o que mais admiro é mesmo esse poder de contextualização da narrativa em relação aos acontecimentos históricos reais, o que torna tudo tão credível.
Muito interessante.
Bom fim de semana, Elvira.
xx

António Querido disse...

Uma guerra criada por um ditador e uma independência dada por alguém que só pensou nas suas contas bancárias, foi assim que tudo começou em 1961, eu cheguei lá em 1963, vi o que não esperava e pensei que o ódio humano, pode cometer crimes horríveis, sem punição!
Esta história não foge à realidade.

Fátima Pereira Stocker disse...

Elvira

Passei bons momentos a pôr em dia a leitura desta seu novo conto, bem engendrado e sedutor, como é seu timbre.

Beijos

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Que historia ótima e bem narrada, prendeu a minha atenção, e fico no aguardo da próxima Elvira!
Um bom final de semana!
Abraços,
Mariangela

Luis Eme disse...

sempre muita história nas histórias da Elvira.

abraço

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

envolvente...

vamos seguir a história.

bom fim de semana.

beijinho

:)

Silenciosamente ouvindo... disse...

Seguindo a sua história com muita
atenção, minha amiga.
Desejo-lhe um óptimo fim de semana.
Bj.
Irene Alves

Olinda Melo disse...


Um regresso ao passado, a Guerra do Ultramar e as vivências dessa época.
Precisamos recordar o passado para podermos avaliar o presente. Parabéns.

Abraço

Olinda

Lilá(s) disse...

E pronto, fico mais uma vez aguardando, esse desenrolar da vida da protagonista!
Bjs

Nilson Barcelli disse...

A guerrilha é interminável, como se iria ver...
Fico à espera do próximo capítulo desta história tão interessante.
Bom domingo, querida amiga Elvira.
Beijo.

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde,cada palavra é envolvente, faz-me recordar todas as pessoas que foram vitimas de um sistema politico ditador, que se aproveitou delas para uma guerra injusta em prol da obtenção de riqueza por meia dúzias de empresas, comandas principalmente pelos Melo`s e o Espírito Santo, milhares de militares morreram ou ficaram deficientes, famílias que ficaram destruídas, no fim desta injustiça toda, a democracia é que foi acusada pela ignorância politica das vitimas que regressaram para Portugal Continental.
AG

Lua Singular disse...

Oi Elvira,
Agora estou acompanhando a passos lentos e adorando seu conto, como sempre muito bonito.
Amanhã volto
Beijos
Lua Singular

Zilani Célia disse...

OI ELVIRA!
UMA GUERRA SEMPRE DEIXA RASTROS DE DOR, ENTÃO, O RESPALDO, PARA MIM, SEMPRE É E SERÁ NEGATIVO.
ESTÁ FICANDO CADA VEZ MELHOR AMIGA.
ABRÇS

http://zilanicelia.blogspot.com.br/

esteban lob disse...

Es una historia con alcances históricos y geográficos, pero a la vez intensamente humana, apreciada Elvira.

Luma Rosa disse...

Oi, Elvira!
A história vem se desenrolando com uma dinâmica gostosa de acompanhar. Estou torcendo pela heroína. Que a guerra não atrapalhe seus dias!
Boa semana!
Beijus,

Lua Singular disse...

Oi Elvira
Estou amando o seu conto.
Acompanhando...
Beijos
Lua Singular

Pedro Coimbra disse...

Ainda a acompanhar.
Boa semana

Vanuza Pantaleão disse...

Histórias de Angola, já li algumas.
A tua é a melhor, mais focada nos fatos e consequências históricas.
Boa semana, querida Elvira!Bjsss

Berço do Mundo disse...

A pôr a leitura em dia. Sigo já para o proximo episódio.
Beijinhos
Ruthia d'O Berço do Mundo

Teresa Brum disse...

Muito envolvente suas palavras, ficando cada vez mais curiosa. bjs no coração.

Rosemildo Sales Furtado disse...

Eis que surgiu a Maria Paula. Estou gostando ainda mais.

Abraços,

Furtado.