Perturbada levou alguns segundos para reagir. Algo dentro
dela lhe dizia que não podia nem devia fugir.
- Boa tarde Miguel. Não esperava encontrá-lo aqui.
“Caramba não te ocorre nada mais original?”- pensou sem
saber se devia ou não estender-lhe a mão.
Ele sorriu. Um sorriso que iluminava o seu rosto
dando-lhe um ar mais jovial.
- Com os encontros que a vida nos tem proporcionado, eu
já não me admiro se a encontrar à mesa do pequeno-almoço.
A alusão era inconveniente pensou Isabel corando.
- Desculpe Miguel, vou comprar umas coisas para o jantar.
Outro dia falamos, -disse tentando sair dali o mais depressa possível.
- Não precisa, - disse rápido. Vai jantar comigo. E não
me diga que não, será um jantar de amigos, aqui mesmo num destes restaurantes.
- Não pode ser. Mal nos conhecemos…
- Então? Mais uma razão. Vamos conhecer-nos agora.
Baixou a cabeça e
murmurou quase ao seu ouvido.
- Não tenha medo. Não sou nenhum papão. E depois estamos
num lugar público, cheio de gente.
Hesitou. No fundo Isabel desejava aceitar. Mas
por outro lado aquele homem mexia demasiado com ela, e isso dava-lhe medo.
Miguel era demasiado vivido para não perceber a hesitação
de Isabel. Suavemente pousou a sua mão no ombro dela.
- Venha. Prometo que a deixo seguir em paz mal termine o
jantar.
Sentir o calor da mão masculina na sua pele quase fazia
Isabel perder o controlo. Afastou-se rapidamente.
- Sendo assim vamos lá jantar.
Ele colocou-se a seu lado mas não voltou a tocar-lhe. Percebera
perfeitamente a reação dela e de novo se mostrava perplexo.
Porque é que aquela mulher era tão diferente de todas as
que conhecera até ali? Lembrou-se de uma conversa que tivera com a mãe há muito
tempo. A mãe dizia-lhe, que ele não podia tratar todas as mulheres da mesma
maneira. Havia milhares de mulheres abnegadas e amorosas, incapazes de qualquer
espécie de traição. Claro que ele soltara uma gargalhada de incredulidade.
O jantar decorreu animado. O coração foi-se aquietando e
aos poucos Isabel foi-se soltando e a conversa decorreu com naturalidade. Descobriram
que tinham muitos gostos em comum. Nos filmes, na literatura, nos pratos. A
certa altura ele propôs:
- Vamos tratar-nos por tu? Parece estranho continuar com
o você…
- Que até já nem se usa, - disse ela rindo.
- Agora tenho que ir, - disse Isabel algum tempo depois
do jantar.
- Não me ofereço para te levar, porque não tenho carro.
Como já te disse estou na cidade há pouco tempo e ainda não comprei.
- Eu estou com carro. Queres que te deixe nalgum lado?
- Não. Vou caminhar um pouco. Olha o meu número do
telemóvel. Dás-me o teu?
Ela abriu a mala e tirou um cartão
- Toma.
Ao pegar no cartão, puxou-a para si e abraçou-a. Sentiu-a
tão tremente que a soltou sem se atrever a beijá-la.
Ela entrou rápida no carro e arrancou. Ele ficou ali
largos minutos fazendo dançar o cartão entre os dedos. Depois iniciou o caminho
de regresso à sua nova casa pensando completamente desconcertado.
"Que raio de sentimento é este que me inibe e me
deixa trémulo como um adolescente?"
Em casa Isabel revivia os acontecimentos dessa noite e
chegava à conclusão que tinha falado imenso de si, da sua vida pessoal e
profissional, enquanto Miguel se limitara a ouvir e pouco falara.
De uma coisa tinha a certeza. Estava irremediavelmente
apaixonada por aquele homem. Como nunca estivera em toda a sua vida. Já não era
uma menina. A vida é como brisa de verão em fim de tarde. Passa rápida e poucos
dão por ela. Um dia destes acordava velha. Estava decidida. Se houvesse uma
hipótese de ganhar o amor de Miguel, ela lutaria por ele.
Continua
Continua
11 comentários:
Olhando bem para a fotografia,
penso que eles foram feitos um para o outro
o destino os unirá na felicidade e na alegria
vencerá o amor porquanto é louco...
Desejo um bom dia para você amiga Elvira, um abraço.
Eduardo.
Os encantos da paixão. Lindo este capítulo.
Beijos e bom dia,
Renata
Hj em dia homem cavalheiro esta difícil hein?
Ainda mais que convide para jantar rs...
Torço pela minha xará.
bjokas =)
Vamos continuando à espera do desenrolar da estória...
beijinhos, amiga
Querida Elvira, sempre estou muito grato por sua visita ao blog onde escrevo. Um beijo no seu coração.
Oi Elvira
Adorei esse pedaço de conto e está caminhando bem, logo vêm os beijos. Que delícia!
Beijos no coração
Lua Singular
Eeeeeeeeeeee até que enfim!! Estava ansiosa por esse encontro. Até cheguei a imaginar que Miguel seria o padrinho de casamento, mas daí seria demais coincidência.
Agora vamos à surpresa!!
:)
Beijus,
Elvira, os dois, férias e preguica de postar.
Beijos e te desejo um dia abencoado.
Antes de mais, querida amiga, quero pedir-te desculpas pela ausência, mas a culpa é do Verão ( que mais parece Outono ) e a ansia que temos de o aproveitar bem. Estive a ler tudo o que escreveste e deparei-me com a alusão às melhoras do teu marido. Pelo que percebi, foi operado à vista e parece que correu tudo bem. Espero que assim continue e que agora te possa olhar da maneira que ele gosta e tu mereces. Fico feliz. Quanto ao conto, penso que finalmente a Isabel vai realizar o seu sonho, constituir família e, claro ser mãe. Estou a gostar muito da estória e cá estarei, mesmo atrasada, para ver o final. Um beijinho, Elvira e parabéns pela bela escrita.. Até sempre!
Emília
Olá, minha cara e estimada amiga.
Depois de longa ausência, volto a lhe visitar e o faço me expressando em poucas palavras:
“Que a Luz do Sagrado ilumine o vosso caminho...”
Aceite meu abraço e até mais!
J.R.Viviani
OI ELVIRA!
ENFIM, OS DOIS JUNTOS, AGORA SÓ O MELHOR VIRÁ.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
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