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28.6.13

S. PEDRO ESTÁ-SE A ACABAR...



Junho é o mês dos Santos Populares. Um pouco por todo o país festejam-se em animados arraiais, ao som da música e acompanhado de sardinhas assadas regadas a vinho tinto ou cerveja consoante os gostos. As festas começam a 13, na verdade a 12 de Junho com o Santo Antonio, padroeiro de Lisboa. Continua a 23 com o S. João, padroeiro do Porto e termina a 28 com S. Pedro, que na verdade é o dia de S. Pedro e S. Paulo o que é desconhecido da maioria das pessoas. E que se festeja desde Amora a S. Pedro do Sul, das Lages do Pico à Ribeira Grande.

Não, não me enganei nas datas. A verdade é que os maiores festejos - exceto os religiosos - ocorrem na véspera do dia do Santo.

  Em Lisboa vésperas de Santo Antônio, feriado municipal, são tradição os casamentos e as marchas populares. Santo Antônio é o santo casamenteiro por excelência. Dizem que mulher que recorra ao santo não fica solteira. Para a fama do santo contribuíram algumas lendas. Recordo uma das mais conhecidas.

   "Conta-se que uma linda jovem, sem esperanças de se casar, sempre esperando por um noivo que nunca chegava, apegou-se com Santo Antonio, o santo casamenteiro. Comprou uma imagem do santo, levou para benzer, fez-lhe um altar em sua casa.Todos os dias prestava fervorosa devoção, dando-lhe um tostão de promessa. Passaram-se semanas, meses, anos e... nada de casamento. O noivo tão sonhado não aparecera, nem corria voz de que algum mancebo, ou mesmo algum velhote teria por ela se interessado. Depois de muita lamentação com sua velha mãe sobre o poder "miraculoso" de Santo Antonio, agora posto em dúvida, pegou a imagem e no auge do desespero, atirou-o pela janela. Porém, na rua, embaixo de sua janela, estava passando um belo cavalheiro, que recebeu em sua cabeça a pequena imagem do santo. Pegou-a, intacta, vendo de onde tinha saído, resolveu bater à porta e fez a devolução para a bela e geniosa senhorita.Trocam-se os olhares, apaixonam-se e dentro de alguns dias, acontece o tão sonhado casamento."

No Porto pelo S. João, também dia de feriado municipal, são tradição os martelinhos, os alhos-porros e sobretudo o fogo de artifício lançado da ponte D. Luís, que é espetacular.
 Há uns cinquenta anos atrás não se faziam as festas como agora. As pessoas da aldeia ou do bairro juntavam-se nas ruas. Faziam grandes fogueiras que os rapazes e raparigas saltavam. Pelo S. João, o meu pai que sempre foi muito habilidoso, fazia grandes balões de papel colorido. Lembro-me que levavam umas tochas embebidas em petróleo, que enquanto ardiam mantinham os balões no ar. Quando se apagavam o balão começava a perder o ar quente que o mantinha lá em cima e acabava por cair atraído pela gravidade. E os mais velhos contavam histórias, conviviam. Eu tenho saudades desse tempo. Hoje as pessoas juntam-se às centenas, às vezes milhares, todas no mesmo espaço e são desconhecidas, estão juntas e simultaneamente estão sozinhas. Não há convívio. É como se as pessoas se tivessem transformado em ilhas. Pode ser uma isolada, ou milhares delas que não se tocam.  O mundo evoluiu e a humanidade retraiu-se, encasulou-se de tal modo que chega a não conhecer o seu vizinho do lado.


  Por último S. Pedro. O Apóstolo a quem Cristo escolheu para fundador da sua Igreja.  Por isso o povo o representa com as chaves na mão. As chaves que nos abrirão as portas do Céu? Talvez. Ou que nos abrirão o caminho para uma nova vida através da fé.
Conta-se que um dia S. Pedro perdeu as chaves do Céu. Do lado de fora onde se encontrava a receber as almas eleitas. Passou-se um tempo, a fila de almas era cada vez maior, e S. Pedro sem conseguir abrir a porta. Então uma velhinha, meteu a mão no bolso da bata e retirando um terço, pegou na Cruz e dando a S. Pedro disse-lhe. "Senhor experimentai com esta chave"  S. Pedro meteu o crucifixo na fechadura e a porta abriu-se. Na verdade para os cristãos, a Cruz é a chave que abre todas as portas.


 O S. Pedro fecha as festas populares
E  como diz a canção:
Santo Antônio já se acabou
O S. Pedro está-se acabar…

 E cá em casa o filhote faz hoje 33 anos. Nascido na noite de S. Pedro, adivinhem como se chama.

Pedro claro.

19 comentários:

Anónimo disse...

Pois então cá vão os meus Parabéns para o seu filhote e para si também, claro.
Beijo.
isa.

Andre Mansim disse...

Como é engraçado que dois países estejam separados por um oceano inteiro e sejam tão iguais como é i caso de Portugal e Brasil né Elvira?
As festas juninas aqui no Brasil são uma herança que ganhamos de vocês e que tem uma tradição enorme aqui no nosso país.
Única coisa que muda são as comidas típicas que aqui englobaram além das portuguesas, alguma coisa da África também.


Parabens ao Pedro!

Um beijão á Elvira e bom final de festa a todos aí!

Edum@nes disse...

Bom dia amiga Elvira, venho agradecer a sua visita. Como diz no seu comentário, não sabe porque só conheceu Maputo, Beira e Nampula. As referidas imagens situam-se no norte de Moçambique, junto ao Lago Niassa. O Monte Tchifuli e o caminho entre Metangula e Nova Coimbra, onde começava o "inferno". A partir de Nova Coimbra, em direcção ao Rio Lunho, onde estive acampado três meses, a seguir Miandica, quem lá esteve chamou-lhe o fim do mundo.
E porque hoje é sexta-feira, o S. Pedro está a chegar, com ele o mês dos santos populares a terminar.

Bom fim de semana com muita animação, e um abraço para você, amiga Elvira.
Eduardo.

Anónimo disse...

Olá, estimada Elvira!

Hoje, dia 28. Certo?

PARABÉNS AO SEU FILHO, E QUE DEUS LHE DÊ MUITA SAÚDE, PAZ E AMOR.

O nome dele é que eu "não" consigo adivinhar, mas como é véspera de S. Pedro, puseram-lhe nome de santo, portanto Pedro, o nome mais bonito, em minha opinião, para um homem.

O seu Pedro é muito lindo. As feições dele parecem feitas a lápis. A Nita só podia ser uma menina bonita. Todavia, ele parece-me mais calado, mais contido, enquanto ela é alegre, espontânea e vaidosa, todos os dias, por natureza. E para poses "sensuais"?

Hoje, está a ser um dia em cheio, para toda a família. Que se repita, muitas vezes!


"Dá cá um balão, para eu brincar...", resto da cantiga, penso eu.

Gosto muito de conhecer a vida dos santos e as lendas que se geraram à volta deste ou daquele acontecimento, com eles relacionado.

A História oral portuguesa, que passa de boca em boca, é riquíssima nesse aspeto, sem dúvida.

Portanto, quem ainda não tenha arranjado marido, zumba, atire uma imagem de Sto. António pela janela e ela decerto cairá em cima da cabeça de alguém, de um homem, preferencialmente.

O S. João é mais celebrado no Porto, cidade de que não gosto, por diversas razões, entre elas a falta de luz e o bairrismo exacerbado, por parte de alguns naturais.
Mas, se calhar, não admira, porque eu sou sulista, moura, magrebina (não esperava este adjetivo da boca daquele homem, do não sei quantos, Leite) e elitista.

Ser magrebina ou moura não é para mim/nós nenhum desprimor, pelo contrário. Somos recatados, na nossa linguagem não há alhos nem bugalhos, somos de encantar e não temos "BOLHA".

Claro que há gente muito boa no norte, tal como há no sul, mas são diferentes as nossas origens.

Desconhecia a lenda, uma das lendas, talvez, relacionada com este santo. A fé, é uma "arma" poderosíssima, digam o que disserem.

Gostei que tivesse partilhado connosco um pouco da sua meninice/juventude na altura dos santos populares, tal como, as brincadeiras e diversões, que faziam. Falou, também, do seu pai, de uma forma muito sentida e "vaidosa". Então, a filha, saiu ao pai, em matéria de habilidade, e outras coisas, com certeza.

Que me lembre, e andava eu na Faculdade, fui uma vez, só uma, a Alfama, no Sto. António. Éramos quatro raparigas e um rapaz, todos colegas de curso e amigos.
Ele e elas, foram de ténis e roupa de ganga, eu, de sapatinho de salto alto e vestido azul, muito sedutor. Claro que me senti fora do contexto, para além da risada dos meus colegas, ao verem-me vestida, assim, mas a Emília tinha de ser diferente, sempre, e é verdade.

Perante tanto fumo e confusão, e ainda por cima, não gosto de sardinhas, telefonei aos meus pais para me virem buscar, o que de facto, aconteceu. Os meus amigos ficaram até lá, até de manhã.

Quanto à pergunta que deixou no seu comentário num dos meus blogues, respondo-lhe que sim, que já fui "obrigada" a pensar nisso, porque já fui "abanada" por três editoras, de que não me lembro o nome, por, talvez, não serem muito conhecidas, e uma delas era de Leiria.
Não me sinto predisposta para isso, não sei. Que há mercado, há, e se há! Há determinadas coisas, para as quais há sempre mercado, independente da crise ou não: o café, o tabaco, os telemóveis topo de gama, tablets, etc. etc.

Quanto ao feminino de poeta, para mim, soa-me melhor, poetisa. O poeta ou A poeta não está incorreto dizer-se, mas gramaticalmente falando, a forma poetisa, é a mais correta, para o Português de Portugal.

UM DIA MUITO FELIZ.

Beijos ao Pedro, e para todos vocês, também.

Rui Pires - Olhar d'Ouro disse...

Parabéns! Excelente partilha!

Lilá(s) disse...

Gosto muito das festas populares.
Bjs

chica disse...

Lindo post. Gosto das tradições e festas juninas. Parabéns ao teu filho! beijos,chica

AC disse...

Elvira,
As memórias são essenciais a qualquer pessoa, a qualquer povo...
Ah, parabéns ao Pedro!

Nilson Barcelli disse...

Cada santo a sua história.
Achei interessante a do Santo António...
Elvira, querida amiga, tem uma boa semana.
Beijo.

António Querido disse...

O São Pedro já se acabou e deixou saudades, espero que volte em 2014, para continuar a fazer-me companhia no dia do aniversário do meu casamento.
O meu abraço

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Terminados os festejos juninos, em Portugal e no Brasil (são tantas, as similitudes!) é que venho apreciar essa excelente postagem. Já estive em Lisboa, nas festas de Santo Antônio e no Porto nas festas de São João.Isto, nos distante !979. Adorei! Como herdamos de vocês, incontáveis tradições, sinto-me "em casa", vindo aqui. Obrigada, Elvira, pela bela partilha.
Um abraço,
da Lúcia

lis disse...

Oi Elvira
Li com atenção sobre as festas que ocorrem nesse período de comemoração dos santos da Igreja Católica.Fui criada em família evangélica e pouco aprendi sobre eles, mas gostava muito dessa época tão alegre nas escolas e nas ruas.
E sempre soube que Santo Antonio era o casamenteiro rsrs então o respeitava mais rsrs
Gostei muito do texto Elvira, mando abraços ao filhote Pedro.Esse é um nome forte e muito bonito,escolhestes bem.
boa noite, amiga
abraços

Luma Rosa disse...

Oi, Elvira!!
Estou atrasada para dar os parabéns ao seu filho Pedro pelo aniversário, mas posso parabenizá-lo pela oportunidade de mais um ano de vida!! Parabéns!!
Aqui também não se comemora mais as festas juninas como no passado. Aliás, soltar balão é proibido por causa das queimadas que provocam e temos que nos contentar com as festas restritas. Este ano fiz bandeirinhas e enfeitei meu jardim, chamei os amigos e fizemos o nosso arraiá.
Eu lembro de uma moça que colocava a imagem de Santo António de cabeça para baixo dentro de um copo cheio de água. Dizia que somente o tiraria dali quando arrumasse um namorado. Sei lá... acredito que o nosso inconsciente pode favorecer nessas horas :)
Bom restinho de semana!!
Beijus,

Unknown disse...

E os Santos populares já se acabaram
mas continuam as sardinhadas do Verão.
Parabéns ao seu menino e votos de muitas felicidades.
A vida continua. Cá dentro registamos os melhores e os piores momentos da viagem.

Severa Cabral(escritora) disse...

Hoje vim te convidar a visitar o FOLHAS DE OUTONO através do Poema LENTES DO MEU OLHAR!
Que pode ser considerado uma arte,mas que na realidade revela o movimento que tem o teu olhar.
Peço desculpas por não poder deixar comentário,mas te espero lá para falar de vida e de lente que faz reinar a beleza da luz ...
bjs e até minha volta recuperada !

Anónimo disse...

Espero que esteja tudo bem, após a folia dos Santos Populares.

Tudo de bom.

Anónimo disse...

Olá, querida Elvira!

Preciso saber de si e de todos, afinal.

Diga, alguma coisa, quando lhe for possível.

Beijo, com estima.

Emília Pinto disse...

Gostei muito de tudo o que aqui contas e adorei as lendas que não conhecia. Hoje de facto o homem evolui em muitas coisas, mas esqueceu-se de evoluir na humanidade.
Há cérebro a mais e coração a menos. Beijinhos, Elvira e obrigada pela partilha de tão importantes informações.
Emília

Duarte disse...

Assim é, querida amiga, tudo acaba e os anos lá vão passando, mas que pelo menos seja com festas e boa harmonia.
Realmente tudo vai dirigido ao dia em si. O fogo é no inicio do dia, já é São João, ainda que as fogueiras se acendam antes.
Aqui passa o mesmo com as Fallas, São José, "la nit del foc", a noite do fogo, é na madrugada do dia 19, que é o fim das festas, o dia do Santo.
Gostei muito desta exposição tua. E, como não, ainda que com atraso os meus parabéns aos dois, especialmente ao Pedro.
Aquele abraço amigo