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10.6.13

10 DE JUNHO - DIA DE PORTUGAL





 No silêncio desta tarde cinzenta
deste dia de Portugal
senti em mim uma enorme tristeza.
Como pensamento esquecido a oração subiu aos lábios,
e como palavra proibida aí ficou calada.
Era um sonho, um pouco quase nada
que um rei no passado foi alargando
e que um Infante levou até aos confins da terra.
Hoje não passa dum sonho morto
um comboio de carnes putrefactas
na agonia estridente do desemprego
na loucura das contas penhoradas
na fome e na doença que alastra todos os dias.
Sob uma máscara fascinante de belas praias
radioso sol, céu sem nuvens, mulheres de helénica formosura,
mares calmos, véus de espuma.
serras de onde brota água límpida e fresca
( que contudo não mata a sede de justiça ),
brisa quente como fruta madura, vibrante de cor e desejo
repousa o país real, o verdadeiro Portugal.
E não há lágrimas nos olhos hipócritas
daqueles que o ajudaram a enterrar.
No folclore das paradas e discursos
seguidos de lautos almoços bem regados
se celebra o funeral - perdão o dia.





8 comentários:

Luna disse...

na verdade só piorou, já quase nem sei o que comemoramos
abraço

Emília Pinto disse...

Não há vontade nem para ver as comemorações do tal Dia da Pátria. Está tudo tão mal!!!! Mas parece que a vida dom nosso Pedro vai melhorar, pelo menos isso. Vai encontrar a Rita com certeza. Um beijinho, Elvira e vamos lá...acreditar que o nosso país melhorará. Fica bem, amiga.
Emília

Paulo Cesar PC disse...

Portugal é um país que tem com o Brasil uma relação de irmãos.

Mariazita disse...

Olá, Elvira
Eu entendo muito bem que lhe seja difícil arranjar palavras nestas circunstâncias. Comigo acontece exactamente a mesma coisa. Quando vou ao velório de alguma pessoa amiga limito-me a abraçar fortemente a pessoa enlutada, pois as palavras não me ocorrem.
Há dias faleceu o marido duma grande amiga minha (chegámos a passar férias juntos, os dois casais). Acontece que ela só mo comunicou duas semanas depois do ocorrido. Pois não imagina a dificuldade que tive para lhe escrever a dar os pêsames…
Não se preocupe. A sua presença fez-me bem, e estou-lhe muito grata.
Um abraço

Este seu texto é muito bom, e reflete o sentir da maioria dos portugueses.
Na verdade, desde 2007 para cá, o que é que mudou?
E, mais importante ainda, quando é que vai mudar???

PS – A minha próxima postagem será no dia 14, como habitualmente.

Duarte disse...

É o sentir do sangue a correr nas veias, vermelho, como o da nossa bandeira.
Na distância agudizam-se os sentimentos e sinto-o assim...


SOU PORTUGUÊS

Sem querer, mas desejando-o,
essa humidade que cria a emoção;
fez que essa gota cálida,
deslizasse pelas minhas faces,
até encontrar-se com o canto da boca;
para deixar esse sabor salgado,
como o do nosso mar;
que foi transformando-se em doce;
ao embeber-se da pujança, da ternura,
desse néctar de vida… a saudade!
Fazendo-me inchar o peito
para proferir com orgulho,
sou português!

Para ti, querida amiga, um forte abraço.

Nilson Barcelli disse...

Hoje faz muito mais sentido.
Excelente texto, de resto.
Elvira, querida amiga, tem um bom resto de semana.
Beijo.

Fátima Pereira Stocker disse...

Elvira

Tenho pela Pátria um amor filial que me leva a querer mal a quem lhe faz mal, mas a recusar a ideia da morte anunciada.

Portugal é um castanheiro velho que pode ter o tronco esburacado, mas desse tronco, maravilhosamente, crescem ramos fortes que dão frutos bons. Compreendo aqueles que olham para o tronco e vêem que pouco sobra do castanheiro possante de outrora. Por mim, prefiro olhar os ramos nascentes e ter esperança.

É assim que vejo o meu País e, apesar de me doer o mal do presente, tenho a certeza de que novos ventos soprarão.

Beijos

Anónimo disse...

Olá, estimada Elvira!

E a "isto", que acabei de ler, daria o título de: Ser Portuguesa.

É um texto muito sentido, muito escuro, triste, mas muito bem escrito.

Não tenho esta visão catastrófica do país, mas respeito a sua opinião.

Boa semana.

Beijos, com estima.