Tinha pensado retomar a história do Manel da Lenha, mas um comentário que me lembrava, de que grande maioria dos meus amigos estão de férias, levou-me para outros destinos.
E porque estamos em tempo de férias, resolvi falar-vos de um dos sítios onde gosto mais de passar férias. A cidade de Lagos.
Situada no barlavento algarvio, a poucos Kms da ponta de Sagres, Lagos é uma cidade cheia de história. E segundo ela, foi conquistada aos mouros em 1249, e recebeu o primeiro foral em 1266, no reinado de D. Afonso III. Contudo é no reinado de D. Afonso IV que atinge grande importância devido aos descobrimentos Portugueses.
Eram lacobrigenses os navegadores que descobriram a Madeira, e de Lagos partiu Gil Eanes para dobrar o Cabo Bojador. Lagos foi sempre uma cidade ligada ao mar. O Infante D. Henrique escolheu Lagos para armar as caravelas que partiram em busca da Índia. Na Meia-praia, foi rezada a missa campal antes das caravelas zarparem. Na igreja de S. António, e Museu de Lagos pode o visitante tomar conhecimento deste, e de outros factos.
Infelizmente foi talvez um dos maiores centros de escravatura do mundo. À sua baía chegavam os barcos carregados de escravos que eram depois vendidos no mercado de escravos, um edifício agora transformado em museu. Actualmente está no local, uma exposição a não perder sobre o assunto.
Para quem gosta de praia, Lagos tem para todos os gostos. Praias de branco e longo areal envoltas em dunas como a Meia-Praia que o saudoso Zeca Afonso imortalizou, e praias recortadas na falésia, com rochas que mergulham num mar de águas límpidas, as praias da Batata,( que já foi em tempos, a única praia do mundo com porta de entrada) dos Homens, dos Estudantes, do Caldeirão, do Pinhão, da D. Ana, (cujas obras de recuperação o ano passado foram objecto de grande polémica) do Camilo, a praia Grande, Canavial, Porto de Mós, e já quase nos limites da cidade, a 6 Kms de distância, a praia da Luz, (tristemente conhecida pelo caso Maddie) Temos ainda a Ponta da Piedade, cujas grutas marítimas merecem a pena visitar. De preferência num pequeno barco que pode entrar dentro das grutas e mostrar todo o seu esplendor.
Para quem gosta de passeios pedonais, poucas cidades podem oferecer uma tão vasta avenida à beira-mar para poder passear, enquanto observa a bonita marina, ou correr, para os amantes do desporto. Toda a baixa antiga da cidade com as suas belas muralhas, e a fortaleza, são um regalo para a vista.
Para os que não gostam das cidades que cresceram desordenadamente, (eu não gosto) Lagos tem a particularidade de se manter dentro do perímetro das muralhas quase como existia nos séculos
passados se exceptuarmos a enorme Avenida das Descobertas, roubada à baía em 1960, pois todo o crescimento da cidade, com modernos e altos prédios ocorre na parte alta, fora das muralhas, espaço onde outrora se situavam as fazendas agrícolas. Logo à saída das muralhas, e antes das construções modernas da cidade, encontra-se o Parque da cidade. Integrado dele, um grande e subterrâneo parque de estacionamento, à entrada do qual se podem ver algumas das ruínas do local, pois era aqui que na Idade Média, existia a Leprosaria. Aqui foram também descobertos, várias ossadas de indivíduos de raça negróide, o que leva a crer, que os senhores de escravos, quando aplicavam castigos que resultavam fatais, os mandavam enterrar no cemitério anexo à Leprosaria, já que ninguém se atreveria a qualquer investigação naquele local.
E porque não um passeio a pé entre a cidade e a Ponta da Piedade observando os marcos que serviam de estações, quando na Semana Santa se fazia a via Sacra.
Para aqueles que mesmo nas férias não descuram a cultura, Lagos oferece além do referido museu, uma biblioteca, um centro cultural, várias galerias de arte e o Auditório Municipal, um museu de cera. Ainda na baixa, o belo edifício do Mercado Municipal, que agora apresenta uma dedicatória-homenagem à grande Sophia de Mello Breyner. Neste edifício, praça de peixe no rés-do-chão, e de frutas no primeiro andar, existe ainda um terraço, no qual se pode desfrutar de uma panorâmica sobre a baía, de nos cortar a respiração.
No local existe um restaurante onde pode saborear uma bela refeição. Deste local se pode passar directamente ao museu de ciência viva, onde deve ir acompanhado, para poder participar activamente de interessantes descobertas.
Em gastronomia, Lagos também não pede meças a ninguém. Cataplana de mariscos, feijoada de búzios, carapaus alimados, e chocos com tinta, são algumas das iguarias, que pode provar, além claro das sardinhas assadas, que pode acompanhar com o vinho da região. Nos doces, eu pessoalmente sou fã do bolo de café, embora os doces de amêndoa e figo, sejam os mais conhecidos, bem como o famoso D. Rodrigo. Também já famosa é a sua feira do doce, que se realiza no último fim- de- semana de Julho.
Dos espectáculos ao vivo nas ruas, às discotecas, as noites em Lagos são muito animadas.
Dá para perceber que sou apaixonada pela cidade. Mas digam lá não ficaram com vontade de conhecer?
Ah! já me esquecia. Para os amantes dos animais, Lagos tem um jardim zoológico. Onde pode apreciar entre outras espécies, o lince europeu, o lémure-de-cauda-anelada, o lémure castanho de fonte branca, o cisne negro etc.
E pronto esta é a minha sugestão de hoje para férias.