Paulo regressou a Angola,
levando na mala, o diploma e um grande sonho. Levar o seu saber às populações
mais carentes dos musseques do interior. Mas ao chegar teve a desagradável
surpresa de encontrar a mãe muito doente. Na verdade depois das complicações
pós parto, Alisha nunca mais fora a mesma. Apesar do grande amor que a unia ao
marido, sentia saudades dos seus. Em Luanda tudo era tão diferente da sua Índia, e das tradições em que fora criada. A ausência do filho, e as saudades
do seu menino, acabaram minando a sua já frágil saúde. E assim foi definhando
lentamente, para grande desespero do marido que se via impotente para travar o
inevitável. Peter, andara com a mulher de médico em médico, sempre na esperança
da cura que não chegava. Chegara a cogitar a ideia de a levar para a Europa. Lá
a medicina estava muito mais avançada. Mas Alisha não queria viajar. Ela queria
morrer ali, na casa onde sempre viveram e onde sempre se sentira amada. Dias
depois do regresso do filho, Alisha morreu serenamente enquanto dormia. Peter
quase enlouqueceu de dor. De tal modo que o filho chegou a temer que ele
tentasse o suicídio. Aos poucos porém Peter foi acalmando, mas nunca mais foi o
mesmo homem.
Paulo era um idealista, nunca
pensara ter um consultório particular onde só iriam as pessoas que pudessem
pagar. Ele continuava a sonhar exercer a sua profissão para os mais pobres, mas
naquele momento sentiu que tinha de adiar o sonho de levar a medicina aos musseques. Não queria afastar-se muito do pai. Tentou e conseguiu entrar para o
Hospital na cidade.
Um ano mais tarde,
totalmente integrado na rotina hospitalar, Paulo começava a sentir que era a
hora de fazer alguma coisa mais. Numa conversa com o director da Cáritas, soube
que a referida organização, tinha montado um pequeno consultório no musseque
Cazenga, nos arredores da cidade, mas precisavam de um médico, com espírito de voluntariado, que
pudesse deslocar-se lá uma ou duas vezes por semana, a fim de cuidar daquela
gente que não tinha meios de ir até ao hospital na cidade.
Era exactamente o que Paulo
precisava, para concretizar o seu sonho.
25 comentários:
As coisas se ajeitando para Paulo! Gostando! bjs,chica
O homem sonha e a obra nasce, outros nem tempo têm para sonhar e tudo se desfaz em fumo!
O meu abraço.
Haja quem preste ajuda,
a quem precisa de ser ajudado
se necessário dar a blusa
para aquecer quem está gelado.
Mussegue Cazenga,
também havia o Hospital de São Paulo
há quem sapatos não tenha
continua a andar de pé descalço!
Como se deseja, nem sempre a vida é
será como o destino a determinar
não perder a esperança, ter fé
para em frente poder caminhar!
Tenha uma boa tarde amiga Elvira, uma abraço.
Eduardo.
gosto das tuas historias e desta em especial por se assar em Luanda onde vivi alguns anos, com o mesmo espirito de Paulo embora numa área diferente
Paulo parecer querer cumprir, não só o seu, mas também os sonhos dos outros. Grande personagem!
xx
Escrevi um livro
à volta disso
Não me chamo Paulo
Nem foi em voluntariado
Acho que muita gente salvei
A bem dizer, não sei
Eram tantas as Sanzalas...
É bom quando há hipóteses de os sonhos se irem concretizando.
Bjs
E o sonho comanda a vida.
~
~ ~Subscrevo o comentário do Pedro Coimbra e acrescento:
~ "E sempre que um homem sonha
~ ~O mundo pula e avança..."
.
Olá, Elvira!
Boa alma, este Paulo; oxalá que a sorte o ajude, enquanto outros ele vai ajudando.
Um abraço e bom fim de semana.
Vitor
Eu, como sempre, chego atrasado, mas, felizmente, logo abaixo posso ler o início do Conto que de cara já me agradou dando-me curiosidade pela figura da morena Maria Paula; devia ser muito bela mesmo, além de misteriosa como é comum às mulheres de origem indiana... Tanto que, Peter não bobeou e a arrastou consigo... E como fruto do romance arrebatador, não podia mesmo deixar de ser alguém menos capaz do que Paulo.
Espero, aviadamente, a continuidade.
Abraços.
OI ELVIRA!
JÁ DEU PARA PERCEBER QUE PAULO SERÁ UM PERSONAGEM MUITO RICO E DARÁ VIDA AO TEU CONTO.
MUITO BOM.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Elvira,
Em todas as suas narrativas é transversal uma característica essencial: a vontade dum mundo mais justo, mais humano, o que só a engrandece.
Um beijo :)
Minha Amiga.
Nunca consigo acompanhar uma história do começo até o Fim.
Mais o Paulo será quem vai dar brilho ao seu belíssimo texto.
Um feliz final de Domingo.
Uma abençoada semana.
Beijos..Evanir.
Pedro e Majo têm a minha concordância.
beijinhos, amiga
Elvira, vim agradecer e acertaste por lá! É mesmo isso! E eu também acho supimpa ter amigos de tantos lugares sempre por perto! bjs, tudo de bom,chica
Não chega ter sonhos, há que os realizar...
Cumps
Vamos lá ver o que sucede no próximo capítulo.
Estou a gostar da história.
Boa semana, querida amiga Elvira.
Beijo.
¡Hola, Elvira!!!
Muy bueno es capitulo, creo que Paulo ve a resultar todo un personaje inteligente y humanitario.
Me ha gustado inmensamente esta historia o cuento... Como queramos llamarlo.
Te dejo mi gratitud y mi estima.
Un abrazo y feliz semana.
Já vi que a parte III já está publicada, mas passei aqui para me "inteirar" do desenrolar da narrativa. Por ter sido eu ter vivido com um indiano(de Goa) que viveu em Angola, esses personagens me fascinam...Meu marido me contava fatos incríveis!
Um abraço!
Voltei para ler os desenvolvimentos... triste esse episódio. Mas é a roda da vida, uns nascem e outros morrem.
Sigo para o próximo capítulo da história.
Beijinhos
Ruthia d'O Berço do Mundo
Bom dia
Existem pessoas que alem de sonhar tem coragem de realizar alguns dos seus sonhos e entregam-se de alma e coração aos projectos que amam.
Neste tempo ainda existem pessoas com esta forma de viver e se doar aos que mais precisam.
sonhos nossos e que envolvem outros sonhos.
uma bonita saga a de Paulo...
:)
Estou a gostar muito querida Elvira, curiosa por demais, bjs no coração.
Com certeza se Alisha estivesse viva iria se orgulhar do filho.
Abraços,
Furtado.
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