No dia seguinte Isabel aproveitou uma pausa para convidar Amélia a beber um café. Estava ansiosa por contar à amiga o encontro do dia anterior e não queria fazê-lo na frente de Luísa.
Quando acabou Amélia disse:
-Mas que progresso Isabel. Nem dá para acreditar. Mas
como sabia ele o teu nome? Donde é que te conhecia?
- Ah! Desculpa, esqueci de te contar. Pouco antes de ir à
Alemanha encontrei-o aqui mesmo no quarteirão. Melhor dizendo esbarrámos um no
outro e apresentamo-nos. Com o convite do Hans e a viagem não cheguei a
contar-te. O que é que achas?
- O que eu acho é que estás perdidinha por ele e deves
lutar por esse amor. Já é tempo de enterrares o passado e seres feliz. Fico tão
contente por ti.
- E se ele não se interessa por mim?
- Ó mulher não sejas tonta. Então se não estivesse
interessado tinha forçado o jantar de ontem?
- Sim, mas eu não quero ser uma aventura na vida de
ninguém.
- Isso, Isabel, só depende de ti. Até pode ser que seja
essa a intenção dele. Cabe-te a ti fazê-lo mudar de ideias. Não percebo a tua
insegurança. És uma mulher muito bonita, inteligente, culta, com uma excelente
carreira profissional. O que é que um homem pode querer mais?
Esta conversa animou Isabel, e no resto do dia o trabalho
progrediu e não se falou mais no assunto.
Nessa mesma noite às nove e meia Miguel telefonou.
Perguntou onde estava, como estava, como tinha sido o seu dia, enfim nada de
especial. Telefonema de amigo.
No dia seguinte à mesma hora voltou a ligar, mas desta
vez disse-lhe que tinha saudades dela. Na quinta-feira convidou-a para almoçar
com ele no próximo Domingo. Os telefonemas eram cada dia mais íntimos. Nunca
falaram de amor. No entanto os dois sabiam que ele estava presente em cada
frase, em cada sussurro. Mal anoitecia, Isabel aguardava com ansiedade o
telefonema.
Miguel por sua vez procurou os pais, e desabafou com
eles. Falou-lhes de Isabel, de como se tinham conhecido, da inquietação que ela
lhe causava, e das vezes que se surpreendia a pensar nela.
Quando acabou o pai disse:
- Se fosse no meu tempo dir-se-ia que encontraste a tua meia laranja.
E a mãe acrescentou:
-Até que enfim, filho. Deve ser uma santa para fazer o
milagre de te reconciliar com o amor. Gostaríamos muito de conhecê-la.
Prometeu que iriam
lá almoçar no Domingo.
Na Sexta-feira teve uma enorme surpresa. Ao sair do metro
viu Isabel entrar no prédio onde ele morava. Ficou perplexo. O que é que ela ia
fazer ali? De repente lembrou do encontro ali mesmo ao voltar a esquina. Será
que estavam a morar no mesmo prédio? Não podia ser. Era absurdo demais.
Entrou no edifício e tocou a campainha da porteira.
- Boa noite D. Rosa. Preciso da sua ajuda. Disseram-me
hoje, que uma amiga minha morava neste mesmo prédio. Uma senhora de nome Isabel
Mendes. Será verdade?
- Boa noite Sr. Nuno. Mora uma menina no 2º D com esse
nome sim. Quer que lhe dê algum recado?
- Não, por favor. Um dia destes faço-lhe uma surpresa.
Muito obrigado
Entrou no elevador. Sentiu vontade de sair no segundo e
bater-lhe à porta. Mas conteve-se e seguiu para o seu andar.
Que coisa. Como é que ele tinha ido morar precisamente
para aquele prédio? Ele que era escritor, nunca se lembraria de escrever uma história tão absurda. Não podia ser coincidência. Alguém lá em cima os queria juntos. Devia
ser por isso, que ele se apaixonara por ela naquela manhã de nevoeiro. Nunca
acreditara em histórias de amor à primeira vista. Sempre pensara que isso era
fruto da imaginação delirante de certos romancistas. Mas então que sentimento
era aquele que o envolveu quando a segurou tremente em seus braços? Que
destruiu todas as suas convicções e defesas em relação às mulheres? E que cada
dia se tornava mais forte ao ponto de desejar passar o resto da vida a seu
lado? Estava decidido. No dia seguinte seria o lançamento do seu livro e no
Domingo levá-la-ia a casa dos pais. E depois… bem depois, iriam viver uma
grande história de amor. Não era isso que o destino queria?
Pensar que ela estava ali tão perto desconcentrava-o.
Nessa noite não conseguiu acrescentar uma só linha à novela, mas o telefonema
foi mais íntimo que nunca.
continua
15 comentários:
Nossa, que surpresa morar no mesmo lugar rs...
Esse amor promete =)
A história está como o Verão: um suspense!...
(e, por isso, vou aproveitar não vá o Sol por-se cedo demais...)
Abraço.
Hola Elvira:
Y queda el suspenso.
Me recuerda antiguos radioteatros en Chile (mucho antes de los tiempos de las tele novelas), en que en lo mejor de la trama aparecía un sonido tradicional y el locutor anunciaba la continuación...para el día siguiente, "a la misma hora y en el mismo punto del dial".
Abrazo.
Nossa!
Está fervendo o conto!
Ela está conseguindo fazer um homem se apaixonar, mas vamos ver mais pra frente.
Lindo Beijos
Lua Singular
Que suspense , rrsss
Bons sonhos!
Olá, Elvira!
Estes dois nasceram um para o outro, como é costume dizer-se.E depois de tantas voltas que a sua vida dá deu, certamente que irão acabar juntos. A menos que a Elvira vire a história do avesso...muito bem contada, como sempre.
Um bom fim de semana
Um abraço
Vitor
Boa tarde, o destino traça a vida e causa o inesperado, o suspense continua a despertar a curiosidade, por saber o final feliz ou não do lindo conto.
AG
http://momentosagomes-ag.blogspot.pt/
A história está a aquecer, veremos
o desevolvimento seguinte e o
final.
Desejo à amiga um bom fim de
semana.
Bj.
Irene Alves
Tudo pode acontecer, beijo Lisette.
Oi, Elvira!
Pois eu também não dormiria!! hahhahaha que panela de pressão!!
;)
Beijus,
Às vezes, o destino surpreende e a narrativa instigante também.
Beijo*
Renata
Essas coincidências acontecem na vida real. Se há armadilhas do destino, não sei (rss), mas em seu conto você as trabalha muito bem. Parece que ele encontrou alguém capaz de provocar mudanças em sua vida. Bjs.
O destino nos reserva fatos incríveis! À cada parte dessa história, mais surpresas! Excelente,o roteiro desse belo romance. Meu abraço, Elvira!
OI ELVIRA!
COISAS DO DESTINO MESMO.
ESTOU ADORANDO.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
O enredo adensa_se...bj
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