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20.7.10
ROBERTO CARLOS
Recordando outros tempos. Será que ainda se lembram?
Para verem o filme por favor desliguem a música na lateral.
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Diversão entretenimento,
filmes
6.7.10
MATILDE ROSA ARAÚJO
O Berlinde
Era uma vez uma pomba
Sem um ninho, sem um pombal,
Era branca como a Lua
E os seus olhos de cristal.
Era uma vez uma pomba
Que não sabia chorar:
O seu choro trrru… trrru…
Era um modo de cantar.
Era uma vez uma pomba
Que noite e dia voava:
Fosse noite, fosse dia,
Nunca a pomba descansava.
Era uma vez uma pomba
Que nos céus, longe, voava,
Seu coração um berlinde
Grande segredo guardava.
Era uma pomba tão estranha
Que voava noite e dia:
Quanto mais alto voava
Mais da terra ela se via.
Era uma vez uma pomba
Com penas de seda real:
Era uma pomba do Mundo
Com seus olhos de cristal.
Seu coração um berlinde
De vidros de sete cores,
Que do sol tinha o brilhar,
Um espelhinho de mil flores.
Um dia longe nos céus,
Viu um menino a chorar
Sentadinho sobre um monte,
Numa noite de nevar.
Não era branco nem negro
Assim na neve o menino,
Seu chorar era triste,
Tornava-o mais pequenino.
E a pomba logo o viu
Com seus olhos de cristal:
Logo desceu para o monte
– Era aquele o seu pombal.
Poisou nas mãos do menino
Com seu corpo, seu calor:
Mãos por debaixo da neve,
Ninguém lhes sabia a cor.
Dorme, dorme, meu menino…
Branco ou negro tanto faz:
Meu coração é um berlinde,
Tem o segredo da Paz.
E o menino já ria,
Podia dormir sem medo,
Sonhava com o berlinde,
Coração feito brinquedo.
Há quem diga que uma estrela
Fugiu do céu a correr,
Atravessou todo o mundo
Para o segredo dizer.
Escutaram-na os meninos,
Têm um berlinde na mão:
Seja noite de Natal,
Seja noite de S.João.
Matilde Rosa Araújo
Biografia
Nasceu em Lisboa a 20 de Junho de1921, na quinta dos avós, em Benfica. Em 1945, licencia-se em Filologia Românica na Faculdade de Letras de Lisboa e em 1946 apresenta a tese inovadora por considerar a reportagem como um género literário: "A Reportagem Como Género: Génese do Jornalismo Através do Constante Histórico-Literário". Leccionou durante 42 anos, 36 dos quais no ensino secundário técnico-profissional em diversas localidades do país; 3 anos no Magistério e outros 3 anos no Jardim Escola João de Deus. Em 1956 publica Poemas Infantis e no ano seguinte O Livro da Tila. Vocacionada para as questões pedagógicas, mesmo depois de estar aposentada do ensino continua a manter contacto com as crianças em visitas e colóquios em escolas e bibliotecas.Fez parte dos corpos directivos da Sociedade Portuguesa de Escritores, foi sócia fundadora do comité português para a Unicef. Tem obras traduzidas no Brasil, na Roménia e na Moldávia.
Eis algumas das suas obras:
1943 - A Garrana
1945 - Estrada Sem Nome
1956 - Poemas Infantis nº 3 da Graal
1957 - O Livro da Tila
1962 - O Palhaço Verde
1962 - Praia Nova
1963 - História de Um Rapazinho
1967 - O Cantar da Tila
1971 - O Sol e o Menino dos Pés Frios
1974 - O Reino das Sete Pontas
1975 - Gil Vicente
1977 - A Balada das Vinte Meninas
1977 - As Botas do Meu Pai
1978 - A Velha do Bosque
1978 - Camões Poeta Mancebo e Pobre
1978 - Os Quatro Irmãos
1979 - O Cavaleiro Sem Espada
1980 - A Escola do Rio Verde
1986 - Voz Nua
1988 - Estrada Fascinante
1990 - O Passarinho de Maio
1993 - Rosalinda Foi à Feira
1994 - As Fadas Verdes
1997 - As Cançõezinhas da Tila
2000 - Segredos e Brinquedos
2003 - Sons Para a Guitarra da Boneca
Matilde Rosa Araújo deixou-nos hoje para empreender essa viagem que todos faremos um dia.
E o panorama cultural português ficou bem mais pobre.
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Homenagem a Matilde Rosa Araújo
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