Na manhã seguinte, acordou já o sol ia alto no horizonte. Depois do duche, Teresa fez o primeiro teste e o resultado foi positivo.
Não saltou de alegria, nem correu a telefonar a Inês a dar
a notícia. Ficou quieta sentindo o coração bater apressado no peito e um nó na
garganta.
Depois de uns minutos, tentando acalmar-se, repetiu o teste
e ao ver o resultado, caiu sobre a cama e chorou de alegria. Mais calma, lavou o rosto com água fria, vestiu-se e entrou
no quarto que fora da avó, ajoelhou junto do velho oratório e agradeceu à
Virgem. Só depois, telefonou a Inês, a sua irmã do coração para lhe dar a
notícia.
Inicialmente a amiga, tentara demovê-la daquela ideia. Ela não
compreendia porque uma mulher jovem e bonita, não se interessara por nenhum dos homens, que ela e
o marido, lhe tinham apresentado. Um dia, com a franqueza que lhe era habitual, perguntara-lhe se ela se sentia atraída por mulheres. Teresa rira-se.
“Nem por mulheres, nem por homens” respondera-lhe.
E era verdade. Sentia-se bem sozinha, nunca sentira o desejo de partilhar a sua vida com outro adulto, mas queria muito ser mãe, e tencionava sê-lo em breve pois estava prestes a fazer trinta anos e não queria correr riscos desnecessários por causa da idade.
E era verdade. Sentia-se bem sozinha, nunca sentira o desejo de partilhar a sua vida com outro adulto, mas queria muito ser mãe, e tencionava sê-lo em breve pois estava prestes a fazer trinta anos e não queria correr riscos desnecessários por causa da idade.
“E que pensas fazer? Adotar uma criança?” – perguntara
Inês?
“Não. Quero ter um filho meu. quero sentir todas as emoções de uma gravidez e parto. Quero sentir a alegria de saber que o meu corpo não é estéril, que um pequeno ser se está desenvolvendo dentro dele. E amá-lo muito antes de poder tê-lo nos meus braços.
- E como pensas engravidar, se não queres saber dos homens? - perguntou Inês
-Recorri a um banco de esperma e estou a cumprir tudo o que me exigiram para a Inseminação”
- E como pensas engravidar, se não queres saber dos homens? - perguntou Inês
-Recorri a um banco de esperma e estou a cumprir tudo o que me exigiram para a Inseminação”
“Mas isso é uma loucura”, - dissera a amiga
-Loucura ou não, estou decidida e o processo já está em marcha.
E não tentes demover-me, porque não te darei ouvidos.
Inês não tentou demovê-la, mas os seus pais, sim. Todavia os seus argumentos esbateram-se contra a firme decisão dela e eles acabaram por aceitar.
- Estou muito feliz por ti, – dizia-lhe Inês ao telefone. Voltas
hoje?
- Volto. Sabes que não gosto de me afastar muito tempo da
pastelaria. Apesar de saber que o teu
pai cuida dela como se fosse sua, não gosto de abusar da sua confiança, nem das
suas forças, começa de madrugada e fica o dia todo quando não estou. Porque queres saber?
-Podias vir cá jantar. Para comemorar.
- Não! Nada de comemorações. Vou contar ao teu pai, mas vou pedir-lhe que
não faça nenhum comentário. Não quero que além de vós, alguém mais saiba antes
de terminar o primeiro trimestre.
-Ok. Mas posso contar ao Gustavo?
-Como se eu não soubesse que não tens segredos para ele.
Bom, vou-me despachar que quero ir cedo. Telefono-te quando chegar. Até logo.
- Boa viagem. Tem cuidado contigo.
Teresa, preparou o pequeno almoço, comeu, e depois
dedicou-se a arrumar a casa, pois pensava que tão cedo não voltaria à aldeia.
Talvez depois do bebé nascer ou pelo batizado. Gostaria de batizar o filho na
pequena igreja onde ela o fora. Embora tivesse a certeza que o facto de ir ser
mãe solteira, ia originar um falatório que duraria meses.
Pelas onze e meia, fechou a porta, entregou uma chave à
vizinha, com o mesmo pedido de sempre, entrou no carro e fez-se à estrada.
Almoçaria pelo caminho.