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15.12.17

CONTO DE NATAL, LENDA MEDIEVAL





Conta uma lenda medieval que no país que hoje conhecemos como Áustria, a família Burkhard – composta de um homem, uma mulher, e um menino – costumavam animar as feiras de natal recitando poesias, cantando baladas de antigos trovadores, e fazendo malabarismos para divertir as pessoas. Evidente que nunca sobrava dinheiro para comprar presentes, mas o homem sempre dizia a seu filho:
– Você sabe por que a sacola de Papai Noel não se esvazia nunca, embora haja tantas crianças neste mundo? Porque embora ela esteja cheia de brinquedos, às vezes existem coisas mais importantes para serem entregues, os chamados “presentes invisíveis”. Em um lar dividido, ele procura trazer harmonia e paz na noite mais santa da cristandade. Onde falta amor, ele deposita uma semente de fé no coração das crianças. Onde o futuro parece negro e incerto, ele traz esperança. No nosso caso, quando Papai Noel vem nos visitar, no dia seguinte estamos todos contentes de continuarmos vivos e fazendo nosso trabalho, que é de alegrar as pessoas. Jamais esqueça isso.
O tempo passou, o menino transformou-se em rapaz, e certo dia a família passou diante da imponente abadia de Melk, que acabara de ser construída.O jovem pela primeira vez manifestou sua vocação escondida, que era tornar-se padre. A família entendeu e respeitou o desejo do filho. Bateram na porta do convento, foram acolhidos com amor pelos monges, que aceitaram o jovem Buckhard como noviço.
Chegou a véspera do natal. E justamente naquele dia, um milagre especial aconteceu em Melk: Nossa Senhora, levando o menino Jesus nos braços, resolveu descer à Terra para visitar o mosteiro.
Orgulhosos, todos os padres fizeram uma grande fila, e cada um postava-se diante da Virgem, procurando homenagear a Mãe e o Filho.
No último lugar da fila o jovem Buckhard aguardava ansioso. Seus pais eram pessoas simples, e tudo que lhe haviam ensinado era atirar bolas para cima e fazer alguns malabarismos.
Quando chegou sua vez, os outros padres quiseram encerrar as homenagens, porque o antigo malabarista não tinha nada de importante para dizer, e podia desmoralizar a imagem do convento. Entretanto, no fundo do seu coração, também ele sentia uma imensa necessidade de dar alguma coisa de si para Jesus e a Virgem.
Envergonhado, sentindo o olhar reprovador dos seus irmãos, ele tirou algumas laranjas do bolso e começou a jogá-las para cima e segurá-las com as mãos, criando um belo círculo no ar, igual ao que costumava fazer quando ele e sua família caminhavam pelas feiras da região.
Foi só neste instante que o Menino Jesus começou a bater palmas de alegria no colo de Nossa Senhora. E foi para ele que a Virgem estendeu os braços, deixando que segurasse um pouco a criança, que não parava de sorrir.
(baseado em uma lenda medieval)
Paulo Coelho

12 comentários:

Larissa Santos disse...

Bom dia. Maus um fascínio de texto. Obrigada pela partilha.

Hoje:- A Dança do Vento...
Bjos
Final de semana feliz.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Mais uma bela história de Natal.
Bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

António Querido disse...

Mais uma lenda de Natal, para passarmos o tempo lendo! Muito bom OBRIGADO.

Joaquim Rosario disse...

bom dia
mais uma linda lenda para tirar outra lição !!!
JAFR

Os olhares da Gracinha! disse...

Não conhecia mas é fantástica!!!bj

Tintinaine disse...

Esse Paulo Coelho, autor do conto, é aquele das bruxarias?
Tenho lido uns livros dele.

Edum@nes disse...

Para os mais desprotegidos,
Pai Noel, tem sido uma desilusão
porquanto, tudo dá aos mais ricos
aos pobres nem uma côdea de pão!

Tenha uma boa tarde amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Uma partilha muito bonita atendendo à época natalícia.
Não conhecia esta lenda do Paulo Coelho.
Bom fim de semana.
beijos
:)

Janita disse...

Bem-aventurados e simples e puros, pois será deles a melhor dádiva do
Senhor.
Curiosamente, o primeiro livro que li de Paulo Coelho foi "Onze Minutos". Uma história da realidade de algumas jovens, neste caso, do sertão nordestino, que partiam em busca de melhor sorte e acabavam escravas sexuais.
Gostei muito desta história simples, mas encantadora.
Um abraço, Elvira.

Rogério G.V. Pereira disse...

Jesus além de divino
também era precoce, o menino

Bater palmas pouco depois de nascer
é obra que só Deus poderia fazer


Cantinho da Gaiata disse...

Linda lenda gostei imenso, muito própria desta época Natalícia.
Não tinha conhecimento que Paulo Coelho escrevia lendas.
Beijinho e bom fim de semana.

Ailime disse...

Outra história muito linda.
Não conhecia. Obrigada.
Beijinhos,
Ailime