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22.10.17

A RODA DO DESTINO - PARTE XXXV


Largou o cortinado. Voltou-se.
- Sabes que sou advogado?- Perguntou encaminhando-se de novo para o cadeirão.
Anete assentiu com a cabeça
- E um dos bons, modéstia à parte. Tenho uma boa carteira de cliente, e estou sempre a pedir à Raquel, que não me agende clientes novos. Raquel é a minha secretária. Há dias, recebi uma proposta de um outro advogado, Santiago Castro, para formarmos uma sociedade de advogados. Santiago é um grande advogado. Talvez até melhor do que eu. Formaríamos uma sociedade por quotas, com mais três ou quatro advogados, que se tornaram bons em determinadas áreas. Não sei se sabes, mas o curso de um advogado compõe-se de várias disciplinas, mas quando começamos a exercer, há sempre uma área em que nos sentimos mais incentivados e mais realizados. De modo que aos poucos vamos tornando-nos cada vez melhor nessa área. Estou a aborrecer-te?
Anete deu-se conta de uma coisa. Salvador tinha algo que o preocupava. Precisava pensar e estava a fazê-lo em voz alta. Ela não entendia nada de advocacia, mas ele não precisava que ela entendesse. Ele queria falar e  necessitava de que o escutasse. E ela estava a gostar de o ouvir.
- Não. Continua.
Na prática somos assim como um médico. Todos são clínicos gerais. Depois alguns escolhem especializar-se em áreas específicas como cardiologia, ou psiquiatria por exemplo. No direito, atualmente já nos podemos especializar em determinada área. Claro depois de termos praticado todas. Outros não chegam a tirar essa especialização pós curso, mas acabam por fazê-lo na prática, aceitando só casos da área em que sentem que são melhores. Eu tenho-me dedicado mais ao direito Empresarial, dando assessoria jurídica a algumas empresas. Já o Santiago tem a maior parte dos seus clientes no Direito Penal. Com mais alguns nos outros ramos do Direito civil, trabalhista, tributário, e outros, podíamos reunir na sociedade todos ou quase todos num só escritório, e não precisávamos rejeitar clientes, porque haveria sempre um advogado para aquele caso específico. Trabalhar em sociedade trás vantagens e dá outro prestígio. Por outro lado, perde-se a nossa liberdade, temos que por a nossa individualidade de parte, e trabalhar em equipa, coisa que nunca fiz. E tenho até ao fim do mês para tomar esta decisão.
- Sei que só querias desabafar, e não estás à espera de conselho meu. E ainda bem que assim é, eu não entendo nada de advocacia, nem de sociedades, mas pelo pouco que te conheço, sei que tomarás a decisão certa, seja ela qual for.
De súbito, ele disse algo que não se ligava em nenhum ponto com a conversa anterior.
- Gosto desta sala. É acolhedora. – Olhou o relógio e acrescentou. – Já é tarde. É melhor ir-me embora, antes que adormeças no sofá.
Levantou-se e dirigiu-se à porta. Ela seguiu-o.
Chegados à porta, pegou-lhe na mão e apertou-a entre as suas, dizendo:
- Obrigado por me teres proporcionado um excelente serão.
E saiu fechando a porta atrás de si.



19 comentários:

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história e desejar um bom domingo!

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Tintinaine disse...

Acho que ele quer é fazer uma sociedade com ela, mas ainda não percebeu bem como isso se faz. Trabalha tanto que anda distraido nesse capítulo.

chica disse...

O que será Elvira está bolando agora? Só esperando pra ver! bjs praianos,chica

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Para alem da historia em si , a autora apresenta nos sempre os mais variados temas os quais nos dão a possibilidade de ficarmos com mais conhecimentos sobre os mesmos enquanto esperamos ansiosos pelo fim da historia .
um santo domingo para todos e até amanhã e Deus quiser.
JAFR

Teresa Brum disse...

Bom dia Elvira!
Gostando muito e curiosa com o desenrolar da estória.
Feliz semana, beijinhos.

Fá menor disse...

Gosto tanto destes enredos... das voltas e reviravoltas que a amiga Elvira tão bem sabe dar aos seus contos!

Beijinhos

noname disse...

Mais uma volta, na reviravolta que compõe a roda do destino :-))

Resto de bom domingo

XicoAlmeida disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
aluap disse...

A sociedade é boa para um advogado quem tem poucos casos/poucos clientes.
Até ao fim do mês acho que ambos vão pensar é noutro tipo de aliança.
Bom resto de domingo.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Estou a gostar da evolução da história.
Um abraço e bom Domingo.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Os olhares da Gracinha! disse...

Tal como diz ... um serão excelente e mais um belo momento de leitura!!!bj

Manu disse...

Vou esperar por novos desenvolvimentos. Fiquei curiosa.

Abraço Elvira

Edum@nes disse...

Foi embora mas, certamente, com vontade de ficar. Ou Salvador não se fez entender, ou Anete não percebeu. Ou então fez que não percebeu. Se ele acha que a sala é acolhedora. Estaria à espera que Anete o convidasse para ficar?

Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

lourdes disse...

E nunca mais vemos "o fundo ao tacho".
Ai! o que é que esses dois estão à espera?
E ele ainda lhe calha uma virgem?
Vá lá! Desenrasca-me esses dois!
Bjs.

Cantinho da Gaiata disse...

Bom,nem um nem outro se resolve para o lado amoroso, tanto rodeio... Coitado, ele ainda fez uma investida a dizer que a sala era acolhedora, mas ela fez-se de moca.
Lá vamos ter que esperar para mais um episódio, esta história anda a conta gotas, não é amiga Elvira?
Bjs de boa noite

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Ansiosa pelo desenrolar dessa novela!
Beijos e uma semana feliz!

Pedro Coimbra disse...

Paleio de advogado.
Cuidado.
E se eu sei do que falo :))))
Boa semana

Gaja Maria disse...

O que quererá ele com aquela conversa?

Rosemildo Sales Furtado disse...

Acredito que a partir do momento que ele demonstrar um certo desinteresse, ela, receosa, fragilizará a guarda permitindo que ele fale das suas pretensões.

Abraços,

Furtado