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20.10.17

A RODA DO DESTINO - PARTE XXXIII






Entrou em casa, acendeu a luz, despiu o casaco que pendurou no armário de entrada.  Foi à sala, ajeitou as almofadas do sofá e deu uma olhada ao espaço. Tinha ido para Coimbra no sábado não tinha feito limpezas, mas a sala estava apresentável. Fez uma rápida inspeção à cozinha e casa de banho. Satisfeita com o resultado, procurou o telemóvel e ligou para a mãe, a informar que a viagem tinha corrido bem, já estava em casa. Acabara a chamada quando alguém bateu na porta. Espreitou pelo óculo e abriu a porta ao ver que era Salvador.
- A porta da rua estava aberta, - informou – E o restaurante estava encerrado. Passei na churrascaria e trouxe um frango. Espero que não te importes.
- Não te preocupes. Gosto de frango.
Ele pousou o saco em cima do balcão. Enquanto ela punha a mesa.
- Desculpa ter-te pressionado para jantares comigo. Gostava de saber como te sentes com toda esta história. Estou preocupado contigo.
- E com Ana Clara, não?
- Claro que com ela também. Mas ela tem o meu irmão para a apoiar.
- Olha Salvador, vamos esclarecer as coisas. Tu és quase da família, eu estou-te muito grata, porque graças a ti, descobri a verdade sobre o meu nascimento e ganhei uma irmã fantástica. Mas por amor de Deus não penses em tornar-te responsável por mim. Já sou maior de idade, há muito tempo e já tive na minha vida homens protetores de mais. Três irmãos são mais do que qualquer mulher pode suportar, antes de morrer sufocada.
-Três irmãos?
- Se tu queres assumir esse papel sim.
- De modo algum, fica descansada. E amigo? Posso candidatar-me, ou não há vaga? - Perguntou sorrindo.
Ela acabara de por a comida na mesa. Abriu a gaveta dos talheres, agarrou o saca-rolhas e estendeu-lho juntamente com a garrafa de vinho.
- Abres?
Abriu a garrafa e despejou um pouco de vinho em cada copo.
- Não respondeste à minha pergunta - disse ele
- Sou muito exigente com os meus amigos. Não sei se cumpres os requisitos.
- E tens muitos amigos?
- Não. Fogem todos quando conhecem as condições.
Ele deu uma gargalhada, e ela acabou por rir também. Então perdida a tensão anterior, Anete falou de como se sentia, do facto de continuar a amar os pais e os irmãos da mesma maneira, de sentir que a única coisa importante tinha sido o facto de ter ganhado uma nova irmã. E do estranho que era pensar que há um mês atrás não sabia que tinha uma gémea, e agora sentir a irmã como se fosse uma extensão de si mesma. Terminou perguntando:
- Não achas que é uma loucura?
- Tenho ouvido dizer que isso acontece com todos os gémeos idênticos.
Entretanto acabaram de comer.
- Queres café? Só tenho instantâneo, mas posso por a água ao lume, – disse ela ao mesmo tempo que se levantava.
- Não. - Respondeu. E ficou a vê-la recolher a loiça e metê-la na máquina.
Recolheu os dois individuais, sacudiu-os para o lava-loiça, abriu o tambor da máquina da roupa e jogou-os lá dentro.
- Vamos para a sala? – Perguntou, e sem esperar resposta, passou ao lado dele que se levantava nesse momento e dirigiu-se para lá.

7 comentários:

Joaquim Rosario disse...

bom dia
depois de um jantar que correu com a maior das cordialidades, vamos ver se na sala a conversa vai ser mais profunda .
temos mesmo de esperar ate amanhã.
JAFR

Manel da Rita disse...

Eta mulher difícil!
O candidato tem que avançar com mil cuidados senão fica à porta!

chica disse...

Dá medo da reação...Acompanhando...bjs praianos,chica

Rui disse...

Vejamos o que dará a conversa na sala ! :)... mas até aqui, a Anete não está a facilitar as coisas ! :)

Edum@nes disse...

Um jantar a dois,
tem mais animação
o que virá depois
a seguir ao serão?

Tenha uma boa noite e um bom fim de semana amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

No acompanhamento dessa novela maravilhosa!
Abraços!

Rosemildo Sales Furtado disse...

Desde cedo, aprendi que as coisas mais difíceis de se conseguir têm mais sabor. Rsrs.

Abraços,

Furtado