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20.5.16

MANEL DA LENHA - PARTE LXXIV


                                     Foto do Google. Desconheço o autor..


O dia ia longo. Por todo o país o povo seguia ávido os comunicados que a rádio transmitia, num misto de ansiedade e temor. Ansiavam ouvir que tudo tinha terminado, e o país estava livre do fascismo, e ao mesmo tempo, temiam que as coisas dessem para o torto e despoletasse uma guerra civil. Em Lisboa, contrariamente aos constantes apelos para a população ficar em casa, o povo estava em peso na rua, apoiando e incentivando os militares.  Por serem espectadores atentos,eles sabiam exactamente o que se passava coisa que o resto do país, ouvindo apenas às notícias transmitidas não tinha.
À medida que o povo, vê as Forças do Movimento conquistarem objectivos, começa a sentir-se confiante, e a dirigir-se em massa para a rua António Maria Cardoso, onde se situava a sede da PIDE-DGS. Estes, vendo a sua sede cercada pela população, abrem fogo sobre o povo., tendo efectuado 4 mortos e 45 feridos, que serão socorridos pela Cruz Vermelha, e levados para o Hospital S. José e Hospital Militar.
Os tiros disparados na sede da PIDE-DGS, ouvem-se no Largo do Carmo, onde o capitão Andrade Moura, do Regimento de Cavalaria 3 informado por populares do que se passava, faz deslocar uma viatura blindada, e alguns jeeps para o local. Com grande dificuldade, consegue aproximar-se e monta um cerco à sede da PIDE. Não tem no entanto pessoal suficiente para um assalto às instalações. 
Com tudo a correr como esperado, vivia-se no Posto de Comando um ambiente descontraído, interrompido pelo Capitão Rosado da Luz, que informa que a "guerra ainda não está ganha" e conta a situação na rua António Maria Cardoso.
O Major Otelo, pede ao general Spínola, para convencer o ex-Ministro do Interior, César Moreira Baptista, preso na unidade, para convencer o director da PIDE, Silva Pais a render-se. No telefonema, Silva Pais mostra-se disposto à rendição, caso as Forças Armadas garantam a protecção dos seus agentes.
Enquanto isso, vão-se chamando pelo telefone, os elementos indigitados para a Junta de Salvação Nacional. Foram chegando o General Costa Gomes, o Capitão de Fragata Rosa Coutinho, o Brigadeiro Jaime Silvério Marques, o Coronel Galvão de Melo, Capitão de Mar e Guerra Pinheiro de Azevedo. O General Diogo Neto está em Moçambique.
Perto das vinte e três horas inicia-se uma reunião entre a Junta de Salvação Nacional, e os oficiais do MFA.  Dando corda ao seu projecto de poder pessoal, Spínola afirma que é necessário rever o programa do MFA que anteriormente assinara. Vítor Crespo responde agreste " os blindados e tropas ainda estão na rua, se for preciso continua-se com o golpe".







Volto a lembrar que todos este factos, são objecto de pesquisa, de jornais da época, do arquivo da RTP, e sobretudo da base de dados históricos. Na altura eu estava em Luanda. Lembro também que se introduzo a revolução, nesta espécie de biografia do Manel, é porque entendo que ela mudou por completo a Nação e o povo. E o Manel era apenas uma pequena partícula desse povo sofrido.

13 comentários:

Rui disse...

Muito interessante "relembrar" todos estes momentos !
Foi para mim, aqui no norte, um dia normal de trabalho, mas sempre atento a todas as notícias que iam chegando !
À noite, em casa, já com mais tempo, altura para me pôr ao corrente de tudo o que se tinha passado ! ... Um dia loooongo !

Beijinhos Elvira ! :)

Edum@nes disse...

O povo libertou-se do fascismo,
mas, não se libertou da roubalheira
até esta data imposta pelo capitalismo
que o faz como bem entende à sua maneira!

Tenha amiga Elvira, uma boa tarde de sexta-feira, um abraço,
Eduardo.

Mariazita disse...

Lembro-me como se fosse hoje!
Na altura eu trabalhava em Lisboa e fomos avisados para não irmos trabalhar. Na rádio faziam apelos para que não se saísse à rua, embora muita gente não ligasse importância e as ruas se enchessem de gente.
Passámos o dia agarrados à radio e à televisão.
Foi uma emoção inigualável.
A sua descrição está perfeita, minha amiga.

Bom Fim-de-semana
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

Odete Ferreira disse...

Por cá, uma vila -cidade há já algumas décadas-de uma região ainda hoje muito esquecida, acompanhou-se tudo pela rádio e televisão. Avidamente, por uma significativa maioria, deduzo eu. Tinha 17 anos, estava no 7.º ano liceal (atual 11.º ano) e não houve aulas; mas nada de muito concreto nos foi dito. Eu e mais colegas fomos passear e lembro-me de recearmos que pudesse haver uma guerra civil...

Rogério G.V. Pereira disse...

Vitor Crespo
devia ter continuado o golpe
para nos livrar
desta má sorte

no dia seguinte
a família Espírito Santo
ergueu-se "do nada"

Ana disse...

Olá Elvira!
É importante falar nisto porque o passado existe para aprendermos e evitarmos repetir os mesmos erros.
Bom fim de semana.
Abraço

Patrícia disse...

Passei para lhe deixar um graaaaande beijinho e desejar-lhe um excelente fim de semana! Obrigada por todo o carinho <3

www.blogasbolinhasamarelas.blogspot.pt

Cesar disse...

Entender e investigar o passado ajuda-nos a entender o presente. Sinto curiosidade por essa guerra em Angola.

Abraço e boa semana.

chica disse...

Esse resgate da história do povo...Sempre maravilhoso estudo aqui! beijos,tudo de bom,chica

Isa Sá disse...

a passar por cá para acompanhar a história e desejar um bom fim de semana!

Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt

Anete disse...

Como vc bem disse, tempo de ansiedade e temor...

Avante...
Abraços

Elisa disse...

Ainda estou por aqui...
beijinhos
elisaumarapariganormal.blogspot.pt

Lua Singular disse...

Oi Elvira,
Cada país com seus problemas. Aqui tá triste, os preços dos alimentos deram uma alta incrível. E a roubalheira continua.
Beijos
Minicontista2